Jardim.
Parte II
Enquanto
andava pelo jardim ¾ sem
ninguém a perturbar. Agora pode ver como estavam suas mãos. Enfaixadas até um
pouco além do pulso e apenas com as pontas dos dedos livres. Suas unhas estavam
curtas por quase sempre corta-las por cautela ¾ já que inúmeros incidentes com as mesmas
aconteceram. Sua barriga tem arranhões e suas pernas também; por vezes, até seu
pescoço não escapa. Doutora Jennifer, psicóloga e psiquiatra que acompanha a garota, fala que é um efeito colateral pelas perdas e ausências. ‘’Em parte ela está certa’’ Demetria pensou. Mas não é só isso. Lovato é um efeito colateral. E os defeitos dela, são
apenas... Defeitos. E defeitos não devem ser tratados. São partes da
personalidade da pessoa; são partes que devem ser respeitadas e por vezes
guardadas.
Demetria já sabia o caminho de cor. Ela sabia para onde estava indo e para onde devia
ir. Ela só tinha até o sol de pôr, com pausas para o almoço e lanche ¾ que são avisados por meio de uma sirene. Deitou-se
aonde a grama é rala e sentiu o sol em sua pele. Ela amava isso. Ela sentia
isso. Ela sentia dor... Mas é a dor que esquenta as pessoas.
Entre
suas pálpebras fechadas, escapou uma lágrima solitária. Oh! Mas ela não limpou;
muito pelo contrário; Lovato apreciou a gota queimar sua pele e venerar o sol.
Não; ela não precisava disso. Ela queria mais! Franziu a testa e mais uma
lágrima rolou. Mais uma. Mais uma. Mais uma. Ah! Demetria tossiu entre o choro e
elevou as mãos para seu rosto, molhando suas ataduras. Ela queria sentir o
choro! E privaram ela até disso!
Virou
de lado e tossiu contra a mão, não querendo que o choro acabasse, mas cansada
suficiente para deixar todas as lembranças lhe derrubarem como um arrastão.
¾ Você promete? ¾ a menininha perguntou a mãe.
¾ Prometo, querida. Eu não vou lhe
deixar. ¾ beijou a bochecha da menina.
¾ As pessoas dizem que sou louca. ¾ a menina segurou na nuca da mãe que estava
ajoelhada a sua frente e trouxe-a para si, sussurrando em seu ouvido como se
fosse o maior segredo.
A mulher riu, passando as mãos nos cabelos pretos da menina.
¾ Eu não acredito nisso, Demetria. ¾ piscou.
¾ Juro, querida. ¾ sorriu.
¾ Ei, mãe. ¾ chamou, se sentando na grama. ¾ Quando é que você vem me visitar de
novo? ¾ suas
mãozinhas brincavam com a grama rala.
A mulher se levantou, pegando a bolsa que estava no chão e limpando a
calça.
¾ Logo, querida. ¾ soprou. ¾ Logo. ¾ sorriu e deu um beijo na cabeça da menina que
continuava com a mesma abaixada, brincando com a grama.
Quando a garotinha levantou a cabeça novamente, sorrindo, seu sorriso foi
desfeito.
Sua mãe já havia ido embora. E desde ai, ela nunca mais voltou.
A menina de cabelos pretos soluçou novamente. Tirou
as mãos do rosto, e com as pontas dos dedos, trilhou os rastros de lágrimas
deixadas em sua bochecha. Ela só queria se livrar disso! Deixar ir... Mas ela
mesma não deixa partir. Ela quer ter algo em que sentir.
Olhou para a grama abaixo de si e passou a mãos
pela mesma, lentamente, sentindo as folhas verdes enlaçar-se em seus dedos para
logo depois esvair. Demetria passava a mão agora freneticamente, com raiva! Para
frente e para trás, para frente e para trás, para frente e para trás... O
pensamento de como as folhas se comportavam ¾ se enlaçando e se esvaindo de
seus dedos; começou a lhe incomodar. As lembranças se misturando ao sangue;
corroendo suas vezes enquanto circulava em seu corpo. Seu coração entrou em
chamas!
Entreabriu a boca enquanto continuava o movimento e
chorou. A imagem de sua mãe se materializou a sua frente, enquanto ela lhe
olhava brincar com a grama... Sim; ela estava louca! Ela mentiu!
Ela se enlaçou em Lovato e depois se foi; como se
mais nada importasse, como um movimento involuntário, como a grama. Ir e vir. E
Demetria pensou, enquanto olhava a imagem da mãe: ‘’Talvez se enlaçar e
depois ir embora seja um movimento involuntário dos seres humanos. ’’
E ela chorou em frente à mãe; como uma criança que
pede para a mãe ou o pai ficar. Ou apenas, lhe levar junto.
¾ Demetria! ¾ Doutor Kondor exclamou.
Kondor, era um homem de 53 anos que acompanha a garota Lovato desde que a
mesma chegou à clínica. Seus cabelos brancos exalavam um cheiro de lavanda que
cativou Demetria. E de seu jaleco branco incrivelmente alinhado sempre saiam
surpresas açucaradas para a garota.
A menina de 12 anos sorriu tímida. Desde os 6 anos, toda semana, dá de
cara com Kondor; e a menina se diverte contando as veias saltadas que aparecem
na mão do homem ou por vez as rugas que aparecem nos cantos dos olhos do senhor, quando ele sorri. Ele era bastante charmoso, e podia-se dizer que ele foi à
primeira paixão da garota. Pensando bem; é um tremendo eufemismo dizer que Demetria alguma vez na vida apaixonara-se. Ela nunca soube o que é isso! Ela nunca se
apaixonara! Kondor a cativou; apenas.
¾ Kondor. ¾ cumprimentou. À pedido do mesmo, ela cortou a
reverencia ou o pronome de tratamento aos mais velhos se tratando do mesmo.
A garota sentou no sofá da sala do homem e ele a fez companhia.
O doutor entregou um pedaço de papel à garota e a mesma pegou-o com suas mãos
enfaixadas. Ela elevou os olhos do papel para ele e apertou os olhos, tentando
ler sua alma. O que na percepção de quem estava vendo e do próprio Kondor, ela
fazia. Ou talvez seja só a doença que a deixou assim; fria. Sem expressão.
Mas ninguém ousou pensar que não seja a doença e sim a dor. A dor que ao
ler aquele papel ela foi atingida.
‘’Sua mãe morreu. Desculpe. ’’
Erro! Nunca peça desculpa para Demetria. Você não errou para ter que pedir
tal coisa; ela errou, a doença ali é dela. A dor é dela!
Olhando para a mulher a sua frente, na grama, com a
bolsa do ombro...
Ela chorou em frente à mãe; como uma criança que
pede para a mãe ou o pai ficar. Ou apenas, lhe levar junto.
Continua...
Ontem não deu para postar, como prometido, pois eu tive um imprevisto e realmente complicou para mim. Como vocês sabem, está na época do 4° bimestre no colégio, e está exigindo atenção redobrada!
Então, para compensar, fim de semana está chegando, e nele eu compensarei ;) Então vou ver o que eu vou fazer! A resenha que eu estou adiando para postar aqui, está esperando na fila, vou tirar um dia para dar prioridade apenas para ela e para os textos que eu postarei aqui. O que acham?
Mas isso depende de vocês, óbvio. Eu não postarei para fantasmas, tudo bem?
Pessoas novas. Amo pessoas novas! \õ/ (retardada mode on~)
Obrigada por comentar! Mas infelizmente hoje não vai dar para eu responder os comentários, se não vai demorar mais ainda para eu postar, mas eu vi eles, ok? E eu amei!
Gente, podem falar, puxar conversa comigo lá no facebook, ok?! Eu adiciono vocês, e eu vejo vocês on, mas eu fico só olhando haha esperando vocês virem falar comigo u.u HAHA E quando falam eu fico tipo:
Então falem :D HAHA'
Amanhã eu posto alguma coisa, viu?!
Beijão gatos e gatas seduzentes ;*
P.S: E Beccatis ;)