Image Map

13 de mai. de 2014

Sonho versus Realidade - Capítulo 2.

Um entrelaçar.

— Demetria! — vagamente eu ouvia alguém me chamando. — Demetria! — era uma voz de homem, isso eu podia notar, mas parecia que eu estava no automático.
Eu olhava, mas não via. Eu escutava, mas não ouvia. Eu apenas fazia o que eu precisava fazer. Que no caso, já que eu estava em uma aula prática, era cortar verduras e legumes rapidamente e eficientemente, e era isso que eu fazia.
Minha mão direita estava firme enquanto abraçava o cabo da faca, enquanto a palma da minha mão esquerda estava pousada um pouco antes da ponta da faca.
Eu cortava aspargos.
Deslizava a faca desde o inicio até o fim por toda sua extensão, cortando a base.
Fiz isso com todos os 5, formando assim 10.
Os compactei em minha mão esquerda, enquanto com a direita eu empunhava a faca, nunca tirando sua ponta da taboa de cortar enquanto os picava.
Aquilo era altamente terapêutico para mim.
É como se eu tivesse controle em ao menos alguma coisa na minha vida, e se eu me ferisse, sararia depois.
Depois desse processo, bati a faca fracamente na taboa de cortar e limpei as laterais das mesmas com meu indicador, tirando assim todos os vertigios na faca. Descansei minha mão esquerda um pouco antes da ponta da faca e fui guiando a mesma pelos pedacinhos, fazendo pressão neles e os deixando menor ainda. Enquanto fazia isso, uma mão pesada pousou no meu ombro direito, falando comigo, mas eu escutava apenas vagamente, e o ignorava.
Eu estava com aquilo na minha cabeça. Pensando e pensando.
Será que eu o encontraria de novo?
Qual seria o assunto dessa vez?
Então uma mão fez pressão no meio da minha faca, entre minha mão esquerda e a direita, a empurrando para a taboa e me fazendo virar o rosto debilmente para olhar quem fez aquilo.
— Demi! — Joseph, meu amigo e parceiro de dupla me chamou pelo apelido. — Céus, parece que você está torturando o pobre do aspargo! Assim ele vai sumir quando a gente colocar ele na sopa, e nos não queremos isso, lembra? — ele era mais alto que eu, e segurava meu queixo para eu olhar para seu rosto; um lindo rosto, devo admitir.
Ele é moreno, seus olhos azuis me fazem suspirar, que foi que eu fiz agora, displicente; e ele riu, displicente.
Sim, eu deixo bem claro para ele que o mesmo me faz suspirar; e sim, ele deixa bem claro para mim que ama me fazer suspirar.
Cretino!
Seus lábios marotos desceram para minha bochecha, e eu pude sentir a mesma formigar, esquentando, me fazendo encolher.
A maldita barba rala dele me faz cocegas, e eu adoro isso! O maldito dono dela também sabe disso... E ele adora.
Como eu falei... Cretino!
— Desligue o automático, marrenta. — ele sussurrava em meu ouvido, brincando com o lóbulo do mesmo com a ponta fria do seu nariz.
E como se não tivesse feito nada, ele volta à bancada e mergulha uma colher na panela de sopa e leva a mesma aos lábios, bebericando com um sorriso sacana nos mesmos.
E como se eu não estivesse lesada o suficiente, eu volto a massacrar os malditos aspargos, agora com mais pressão na faca e com a ponta dos meus dedos formigando de vontade de correr por aquele maxilar bem marcado e sentir os meus dedos pinicarem pela aquela maldita barba.

Eu tirava o avental quando todos já haviam ido embora. Eu estava atrasada, mas especialmente lesada hoje.
Eu estava anestesiada.
As lembranças me anestesiam.
Eu relembrava toda maldita hora do meu dia o que tinha acontecido hoje de manhã. O meu doce sonho...
Joguei o avental na bancada e puxei minha mochila para meu ombro; abria minha mochila enquanto eu andava para a saída, procurando meu fone de ouvido e meu celular, quando eu quase caiu para trás depois que esbarro em alguém. Mais especificamente, esbarro no peitoral de Joseph, que eu suspeitava ser de ferro já que eu quase cai para trás achando que tinha esbarrado em uma parede(não seria novidade se eu tivesse).
Suas mãos alcançaram minha cintura antes que eu alcançasse o chão, mas sua gargalhada me alcançou, me embalando em seus braços e fuçando meu cabelo com o nariz enquanto me balançava da esquerda para direita, no ritmo de seu riso. Um tapa seco de minha mão acertou seu peito, e eu me afastei dele emburrada.
— Pare de rir! — o empurrei para o lado, irritada, praticamente correndo pelo corredor enquanto olhava as horas.
— Atrasada, marrenta? — a praga não saia do meu pé! E ele fazia questão de alfinetar.
— Se você quer mesmo saber, sim! — eu o encarei, quase tirando seu lindo couro com meu olhar.
Ele riu, alcançando minha mão livre e entrelaçando seus dedos com os meus, me fazendo bufar enquanto ele ria gostosamente e balançava nossas braços entrelaçados.
Quando chegamos finalmente ao ar livre, eu tirei minha mão da dele e o mesmo falou:
— Vem, eu te dou uma carona, marrenta. — eu parei, o olhando desconfiada.
— Se você tá queren... — me interrompeu, voltando a entrelaçar nossos dedos.
— É só uma moto, Demetria! — sorriu. — Eu juro que não estou querendo nada. — sua falsa carinha de anjo não me enganava.
Fiquei parada ali ponderando as opções que eu tinha, e quando percebi ele já estava montado em sua inseparável moto Harley-Davidson Fat Boy preta.
Céus, a visão era de suspirar.
Seus cabelos pretos displicentes caindo sobre seus olhos azuis era de se fazer babar, e ele não largava seu sorriso sacana no rosto por nada, me propondo subir naquela moto e o deixando acelerar até ele me fazer agarrar seu corpo.
Ele era desses.
E eu era daquelas que batia o pé por ele ser irresistivelmente tentador.
Nos éramos assim.
E ele sempre queria provar que eu estava certa.
— Sobe na garupa, Demi. — ele riu da minha cara de irritada. — Eu só vou te levar até o trabalho, mais nada.
Então eu subi, mesmo sabendo que ele estava mentindo.
— Você não presta, Joseph Campbell. — falei, enquanto pegava o capacete preto com detalhes de fogo que bailava pendurado em seu antebraço e colocava em minha cabeça.
Ele riu gostosamente enquanto colocava o seu do mesmo modo que o meu, então me olhou com a viseira aberta.
— E eu sei que você gosta, minha marrenta. — e antes de acelerar, me deu as costas e pegou minhas duas mãos, me fazendo inclinar para ele e rodear seu corpo com meus braços.
Com um solavanco ele acelerou, então meu corpo engatou com o dele, e como eu o conheço, eu podia garantir que ele estava com mais um de seus sorrisos sacanas bailando em seus lábios enquanto faiscava com sua moto pelo campus e cruzava a saída comigo agarrada ao seu corpo, e só agora percebi que ele falava a verdade.
Era só isso que ele queria.
Eu passando um tempinho que seja com ele, já que quase nunca faço isso.
E o ‘’desligue o automático’’ que ele falou, tinha muito mais significados.
Ele percebeu que esses dias eu estava assim. Só faculdade, trabalho e casa, faculdade, trabalho e casa... E isso me deixou no automático. E ele só queria... Desligar-me um pouco. Desligar-me um pouco nesse meio tempo; nesse meio tempo com ele.
Era só isso que ele queria...
Por que esse é o Joseph.
Tem muitos significados por trás dele, e ele só queria que alguém o desvendasse, ou ao menos tentasse.
Com isso na cabeça, ele parou a moto e eu pude notar que já havíamos chegado, mas eu não o larguei, eu continuei o abraçando, por que era disso que ele precisava, e era isso que ele queria.
Senti-me uma idiota por ter achado...
Ele tirou o capacete e colocou em um dos braços da moto, então eu tirei o meu e entreguei para ele, descendo da moto enquanto ele continuava sentado me olhando não mais com seu sorriso.
Desviei meu olhar dele e olhei para veiculo que ele estava sentado. Céus, aquilo devia ter custado o olho da cara! Mas eu sabia que era do pai dele, então...
— Meu pai me deu. — quando meus olhos pousaram em seu rosto, ele mordia fortemente o lábio e seus olhos estavam vermelhos por prender o choro.
Mas... Ele não devia estar feliz por ter ganhado a moto? Ele a amava!
E por mais lesada que eu seja, eu entendi...
Céus!
Eu me joguei em seu corpo e o abracei forte pelos ombros, deixando sua cabeça em meu ombro, e ele chorava, suas lágrimas molhavam meu pescoço, e ele soluçava.
— Ele morreu, Demi. — soprou. — Meu pai morreu. — ele repetia; ele queria tirar aquilo de dentro de si. — Meu pai morreu. — murmurou ao pé no meu ouvido.
Ele queria tirar aquilo de dentro de si!
Eu podia sentir seu coração tremendo, suas palavras amargas pulando de sua boca, seu corpo mole e pesado jogado em meus braços, me deixando o segurar, segurar sua dor.
Eu seguraria.
Por que ele sempre me segurou.
Por que éramos um entrelaçar de dor.
Éramos um entrelaçar de lágrimas.
Éramos eu e Joseph.
Sempre foi.
Desde os dez anos.
Continua...
Por que eu demorei uma semana para postar? Eu realmente prefiro nem comentar ¬¬' Mas o principal motivo é que não tava dando para eu postar! Não por falta de tempo, mas por que realmente não tava dando. A Caah, que me ajuda, também não tava dando para ela postar então sem post :( Por que não tava dando? Vários motivos motivos! Eu só posto se eu escrevo, e por algum motivo eu estava travada! E quando eu escrevia não dava para postar! Sim, tenho capítulos acumulados, mas mesmo assim eu só posto se eu escrever. Tenho que revisar, a Caah poderia betar para mim, mas eu gosto de fazer isso eu mesma. Estruturar e etc...
Decidi adaptar o Ian para Joseph por que pessoas pediram, então tá ai...
Por favor, tenham consideração comigo e com os capítulos que eu me esforço para trazer para vocês e gastem ao menos 5 minutos do tempo de vocês e comentem, por que nos autoras, gastamos 5 horas em compensação! E óh: AMAMOS  comentários grandes! Esses sim <3 
Gasto tempo, muito tempo, para trazer um site e um post limpo e bonito, e de qualidade para vocês <3 As vezes nos só precisamos de apoio!
Nessa semana ainda tem mais post, espero que vocês estejam pegando o quê da coisa.
Beijos gatas e gatos seduzentes ;*
Me adicionem no wpp: 85-87684224! Umas gatas seduzentes já me adicionaram, e eu as amo muitoooooo <3 Minhas garotas u.u

Venda em meu rosto.

A um pedido de uma amiga muito querida minha... Espero que goste, sweetheart! 
Leiam escutando essa música aqui: aqui.

Às vezes me pergunto se realmente quero que alguém me entenda. Às vezes me pergunto o que eu quero que eles entendam. Às vezes me pergunto o que eu quero, e para que eu estou vivendo. Qual o motivo de tudo isso? Qual o motivo dessa sensação ruim que insiste em me cutucar? A quem eu quero enganar? Eu que fico remoendo! Revendo. Rebobinando a fita só para sofrer, sentir algo forte, e acabo transformando esse sentimento o motivo para eu continuar vivendo, continuar chorando, continuar sofrendo.
Eu não vivo progredindo, eu vivo regredindo; enquanto uns andam para frente mesmo chorando, eu ando para trás mesmo sorrindo. E por quê? Por que eu sofri? Por que eu quero sofrer! Por que a felicidade é uma tristeza, e a verdade é uma mentira. Eu estou fazendo do meu passado meu futuro, estou andando em círculos procurando um lugar para andar reto. Mas qual é a graça de uma linha reta? Trago meu passado como um cigarro e viro meu amor como um shot de tequila, e agora ando em linha reta, e eu faço de meu futuro traçado um futuro incerto.
Estou desrespeitando a mim mesma e a minha consciência; desculpem-me meus pais...  E só quero viver o presente sem felicidade nem tristeza, sem verdade nem mentira, por que quem faz essas coisas é nos mesmos, e quem faz meu novo passado é meu velho futuro. Abaixo minhas máscaras e assumo que meu lugar é lugar nenhum, assumo meu deslocamento e abandono minha estrada bem feita e pulo na corda bamba, por que quem faz minha queda sou eu mesma, quem faz meu buraco sou eu mesma, então decido colocar uma venda em meus olhos, e percebo que eu nunca enxerguei melhor antes. 

6 de mai. de 2014

Sonho versus Realidade - Capítulo 1.

Meu doce sonho.
Ok.
Tudo bem.
Respira.
Está tudo sob controle.
Eu repetia isso como um mantra para cobrir meus sonhos e abafa-los sob meus suspiros.
Ele estava ali, sentado na grama sob a sombra de uma árvore, lendo um livro, eu acho, ou apenas estudando, enquanto seu fone de ouvido branco sussurrava em seus ouvidos.
Por que ele é desses que parecia impenetrável para o mundo.
Por que ele é desses que parecia impenetrável para mim.

Seus cabelos pretos caiam sobre sua testa, seus olhos castanhos penetravam o livro quase o fazendo babar; quase me fazendo babar. Bolsas arroxeadas sustentavam seus olhos, e não por que eu o observei, longe de mim isso, mas eu suspeitava, apenas suspeitava, que isso era culpa da Ketlyn. Quer dizer... Da namorada dele.
Céus, ela era absurdamente linda comparada a mim!
Mas... Quando ele iria se dar conta de que ela não tem nada haver com ele?
Eu tenho!
Eu sei disso.
Mas o problema é que ele não sabe... E não sou eu que vou dizer.
Quer dizer, eu posso estar caidinha por ele; tá, admito, não é bem uma quedinha... Tá mais para uma queda de um precipício! Mas isso não muda os fatos. Fatos esses que eu sou uma apaixonada incorrigível, mas não por ele, mas por mim, e que de tão apaixonada, acredito em um amor que verdadeiramente me faça sentir, não apenas quem eu amo. Por que em momento da minha vida, um momento mínimo que seja, eu quero sentir algo verdadeiramente forte, mas que dessa vez, seja algo bom.
Eu acho que só preciso saber que existe algo forte, e que esse sentimento tão forte não seja algo ruim.

Olho para minhas mãos, e elas estão fechadas em torno da minha xícara de café.
Quem leva uma xícara para o campus da faculdade?
Bem, eu!
E eu me orgulho disso, e realmente não ligo, mesmo ela sendo do Bob Esponja, e mesmo sua cor sendo extremamente chamativa. Tiro minha garrafinha térmica carregada com café da bolsa e recarrego minha xícara, me encostando mais confortavelmente no banco de praça que estou sentada e cruzando minhas pernas como assas de borboleta em cima do banco, sorrindo como uma criança enquanto ajeito meus óculos de grau no rosto e bebo meu café.
Uma das minhas paixões...
Eu gostava disso.
E também gostava de pensar assim.
O tempo estava quente, isso explica eu estar de short jeans e uma regata preta. O coque frouxo que eu fiz antes de sair de casa já estava se desfazendo, e com uma mão só, já que a outra eu ainda estava segurando a xícara, tentei soltar o resto de cabelo que ainda estava preso. Percebi que aquilo não ia dar certo, já que eu convivo comigo mesma a tempo suficiente para eu ter sã consciência de como sou e saber que aquele simples ato iria acabar em desastre. Então resolvi me levantar, mas meus olhos se cruzaram com um par de olhos castanhos, e ele sorria enquanto me olhava, quase ria.
Estanquei.
Mas rapidinho passei outra marcha e alcancei minha mochila, desajeitadamente trazendo-a para um único ombro e andando toda atrapalhada.
Bem... Eu tentei andar!
Ei! Olha por onde anda, imbecil! — um brutamontes falou, depois de esbarrar em mim e derrubar a xícara que estava na minha mão no chão, a partindo assim em mil pedaços e derrubando café em meu busto.
Eu estava fervendo!
E não foi um trocadilho pelo café super quente queimando minha pele, e sim pelo fato dele ter quebrado minha xícara!
Minha linda xícara do Bob Esponja!
Do. Bob. Esponja!
E merda, ele era alto!
Mas não liguei para isso, não liguei pra nada!
Era apenas eu, ele, e minha xícara do Bob Esponja quebrada ao meu lado.
De repente, ele parecia um inseto aos meus pés, e eu faria questão de pisar.
— Você. Tem. Noção. Do. Que. Acabou. De. Fazer? — meu indicador batia em sua barriga a cada palavra que saia por minha boca.
Sim, batia na barriga dele.
Já falei que ele é alto?
O que, bem, ele poderia ser de tamanho normal, mas ainda sim seria grande em relação a mim. Tudo ficava grande em relação a mim!
Ele de repente ficou pasmo, e seus estúpidos — e lindos; olhos verdes, se arregalaram.
Então eu subi no banco e consegui ficar cara a cara com aquele estrupício loiro.
— Foi você que esbarrou em mim! — ele tentou replicar.
Por sua voz vacilante eu já pude notar que ele não estava acostumado a menininhas que não davam mole para ele.
Qual é... Ele era lindo!
Então eu desci meus olhos castanhos escuros por seu corpo, e eu pude notar. Ele usava um casaco, veja bem, um casaco! Um lindo casaco, devo admitir, mas ainda assim um casaco. Estávamos no verão! No auge dele, devo ressaltar; e o animal sai no sol com um casaco de algum time de futebol? Rolei os olhos e voltei meu olhar ao seu rosto.
— Vou ter repetir, ou quer que eu desenhe? — eu ainda estava em cima do banco, e meu rosto estava ameaçadoramente bem próximo ao dele. — Que eu ainda estava parada, e quando eu me virei você esbarrou em mim. — frisei bem o ‘’você’’ — E esse esbarrão resultou em um solavanco, e nisso, você — frisei — derrubou tanto minha xícara do Bob Esponja — frisei — no chão, quanto seu maldito café super concentrado com leite vaporizado em cima de mim! 
Eu estava espumando! E não, não era café... Eu já estava super inclinada em cima dele, apontando meu dedo em sua cara enquanto, muito provavelmente, meu rosto estava vermelho. E também, muito provavelmente, ele ainda estava tentando processar o que eu estava falando.
O loiro estava pasmo!
E eu estava irada!
Só agora pude notar pessoas paradas e embasbacadas olhando o alvoroço.
Uma mão tocou meu ombro em uma tentativa de me acalmar, então ele entrou na minha frente, e ele não precisava subir no banco para sua altura ficar quase igual ao estrupício que quebrou minha xícara.
— Ei, cara. — falou, sua voz naturalmente rouca e deliciosamente grossa impondo moral, e ao menos tempo, respeito. — Ela está irritada por que você quebrou a xícara dela; então, se você não vai fazer algo construtivo ficando aqui, vá embora.
Com uma ultima olhada para mim, bufando, ele foi embora.
— Isso mesmo, seu covarde! — eu gritava para ele. — Vá embora mesmo, energúmeno! — meus braços estavam cruzados sob meu busto, e eu já não me incomodava com a queimação, só com minha xícara quebrada.
Quando ele se virou para mim, dava para notar que estava se segurando para não rir. Como eu sei? Não que eu o observe, longe disso, mas é que seus lábios grossos estavam franzidos para dentro da boca, suas sobrancelhas estavam juntas e formavam um vinco na testa que quase não dava para ver por causa de seus cabelos espalhados despojadamente nela, e seu queixo, a linda covinha de seu queixo, ela se evidenciava mais; só por isso.
Ele não é o padrão de beleza da alta sociedade.
Ele é lindo para mim.
Deve ser por isso que eu gosto dele...
— Nem ouse soltar essa maldita risada que você está prendendo. — resmunguei, descendo do banco e ajeitando minha mochila no ombro.
Eu nem tinha percebido que meu coque tinha soltado, e com isso meu cabelo preto espalhou-se sobre meu ombros, minha franja tampando um de meus olhos, e a caneta que prendia meus cabelos decidiu ir procurar o caminho para Nárnia!
Então ele finalmente se permitiu gargalhar, sua voz brotando no fundo de sua garganta, e quando acabou eu já estava andando, tentando inutilmente tirar aquela voz da minha cabeça e conseguir deixar estáveis minhas pernas.
— Ei! Volta aqui! — ele já havia me alcançado, e agora me acompanhava lado a lado. — Meu nome é Nicholas. — não que eu já não saiba... — Nicholas Steven. — estendeu a mão para mim.
Ainda andando, eu o olhei de rabo de olho e pensei se seria assim mesmo nosso primeiro contato.
Não que eu já tenha imaginado, muito pelo contrário.
Puft!
O que?
Lógico que ele observando meu rosto ao por do sol e finalmente falando seu nome enquanto me dava um beijo nas costas da minha mão nunca se passou pela minha cabeça.
— Demetria. — parei. Coloquei minha mão sobre a dele e sorri. — Demetria Flow. — então, por mais épico que seja, ele beijou minha mão, e por mais incrível que pareça, eu não desmaiei.
Rindo, fiz uma cortesia, flexionando meus joelhos e segurando a barra da minha regata como se fosse um vestido. Ele riu, me cortejando acenando com a cabeça baixa.
— Um prazer enorme lhe conhecer, madame. — sua voz saiu estranha, destorcida pela riso.
— Senhorita, por favor. — empinei o nariz, como uma legitima perua; e foi minha vez de rir, voltando a andar.
— Sabe que ele não entendeu nada do que você falou, não é?! — saquei meu celular do bolso e olhei as horas; ainda tinha tempo, graças! Seus olhos olhavam meu perfil, desceu para o celular e depois voltou para meu rosto. — Desculpe, está atrasada? — sim, eu o poderia morder; ele é tão fofo com as bochechas coradas.
Sorri mostrando os dentes, e não foi para o morder.
Bem, eu nem o conhecia direito! Não que se eu conhecesse eu o morderia, mas...
E, bem, eu o conhecia! Mas deixa para lá.
Então eu parei, virei para ele, e o mesmo alargou o sorriso.
— Não, não estou atrasada não. — soltei uma risada nervosa. — É que eu estava muito irritada, quer dizer, eu ainda estou irritada por causa daquele brutamonte, então nem me dei conta. — ele riu de novo, colocando a mão no meu ombro e sorrindo.
— Você falou ‘’resultou’’ e ‘’solavanco’’ em uma mesma frase! — gargalhou — Eu acho que ele nem sabe o que essas palavras significam! Ainda mais ‘’energúmeno’’! — por que diabos ele tinha que parecer tão lindo rindo? Por que ele tinha que rir?! A essa altura eu já estava vermelha como um tomate! E eu acho que ele percebeu isso, já que sua mão saiu do meu ombro e foi para dentro do bolso, subitamente, se constrangendo. — Você tem noção que descreveu o café dele? — ok, agora ele soltou uma risadinha nervosa, que se transformou em uma tosse. Foi impossível não sorri. E ele estava ali... Tão pertinho.
Então eu agarrei a alça da minha mochila e mordi o lábio lábio superior, tentando acabar com o sorriso idiota que com certeza estava em meu rosto.
— É que ele quebrou minha xícara do Bob! — resmunguei, meus lábios formando um biquinho sem nem me pedir permissão. — E sobre descrever o café dele... — ri, com ele me acompanhando em um sorriso bobo. — É por que eu faço gastronomia.
Agora foi a vez dele de morder o lábio, só que dessa vez, o de baixo.
Merda!
Isso acaba com meu psicológico.
— Eu faço arquitetura. — coçou a nuca, entortando a boca.
— Boa escolha. — ponderei a um suspiro dele.
— Na verdade, não foi uma escolha. — outra tosse, quer dizer, outro riso nervoso. Então eu pendi a cabeça para o lado, o estudando e percebendo que ele não queria tocar naquele assunto.
O que eu poderia falar?
Então em silencio, seus olhos pousaram sobre meu busto, e eu segui seu olhar.
Merda!
— Você precisa... — indicou com a cabeça enquanto eu ria desconcertada.
— Não dá. — choraminguei. — Minha casa é um pouco longe daqui e daqui a pouco eu tenho aula prática.
Então ele abriu a boca sem ter o que falar e eu o imitei.
— Acho melhor eu ir indo. — falei, tomando as rédeas da situação. Se não fosse eu a acabar com isso, seria ele. E, olha, eu sonhei muito com esse momento, e definitivamente aquele era meu momento, então...
— Tudo bem. — mordeu o canto dos lábios, coçando a nuca novamente. Se ele soubesse como ele ficava com aquela camiseta azul... Seus braços musculosos se flexionavam deliciosamente; ele definitivamente era lindo! Alguém tá vendo a poça de baba do meu lado? Por que eu acho que babei. — A gente se esbarra por ai. — Sim, com certeza eu adoraria me esbarrar com ele. — Boa sorte com sua xícara. — não, não ria, não ria, não... Oh! Ele riu.
Então eu sorri e prendi a alça da minha bolsa no ombro, dando uma ultima olhada em seu rosto corado e sorridente, engatando uma risada e dando as costas para meu sonho. Eu precisava ir.
Ir em direção a minha aula.
Ir em direção a minha realidade.
Continua...

     Sei que está tudo confuso! Isso realmente foi um sonho, ok? Só para quem não entendeu... Nicholas é um sonho, e esse primeiro capítulo foi para mostrar exclusivamente ele, e os apresentar o sonho. Ian(ou Joseph) vem no próximo capítulo, ele será a realidade. Dai Sonhos versus Realidade :) Vocês vão se adaptar com a ideia no próximo capítulo que sai ainda hoje, para que vocês tenham mais noção, ok?
     Uma pergunta: Vocês querem o Joseph na história? Se sim, comentem! Preciso da resposta!
     Beijos gatas e gatos seduzentes ;* Até mais tarde!