Um entrelaçar.
— Demetria! — vagamente eu ouvia alguém me chamando. — Demetria!
— era uma voz de homem, isso eu podia notar, mas parecia que eu estava no
automático.
Eu olhava, mas não via. Eu escutava, mas não ouvia. Eu apenas
fazia o que eu precisava fazer. Que no caso, já que eu estava em uma aula
prática, era cortar verduras e legumes rapidamente e eficientemente, e era isso
que eu fazia.
Minha mão direita estava firme enquanto abraçava o cabo da
faca, enquanto a palma da minha mão esquerda estava pousada um pouco antes da
ponta da faca.
Eu cortava aspargos.
Deslizava a faca desde o inicio até o fim por toda sua
extensão, cortando a base.
Fiz isso com todos os 5, formando assim 10.
Os compactei em minha mão esquerda, enquanto com a direita eu
empunhava a faca, nunca tirando sua ponta da taboa de cortar enquanto os
picava.
Aquilo era altamente terapêutico para mim.
É como se eu tivesse controle em ao menos alguma coisa na
minha vida, e se eu me ferisse, sararia depois.
Depois desse processo, bati a faca fracamente na taboa de
cortar e limpei as laterais das mesmas com meu indicador, tirando assim todos
os vertigios na faca. Descansei minha mão esquerda um pouco antes da ponta da
faca e fui guiando a mesma pelos pedacinhos, fazendo pressão neles e os
deixando menor ainda. Enquanto fazia isso, uma mão pesada pousou no meu ombro
direito, falando comigo, mas eu escutava apenas vagamente, e o ignorava.
Eu estava com aquilo na minha cabeça. Pensando e pensando.
Será que eu o encontraria de novo?
Qual seria o assunto dessa vez?
Então uma mão fez pressão no meio da minha faca, entre minha
mão esquerda e a direita, a empurrando para a taboa e me fazendo virar o rosto
debilmente para olhar quem fez aquilo.
— Demi! — Joseph, meu amigo e parceiro de dupla me chamou pelo
apelido. — Céus, parece que você está torturando o pobre do aspargo! Assim ele
vai sumir quando a gente colocar ele na sopa, e nos não queremos isso, lembra? —
ele era mais alto que eu, e segurava meu queixo para eu olhar para seu rosto;
um lindo rosto, devo admitir.
Ele é moreno, seus olhos azuis me fazem suspirar, que foi que
eu fiz agora, displicente; e ele riu, displicente.
Sim, eu deixo bem claro para ele que o mesmo me faz suspirar;
e sim, ele deixa bem claro para mim que ama me fazer suspirar.
Cretino!
Seus lábios marotos desceram para minha bochecha, e eu pude
sentir a mesma formigar, esquentando, me fazendo encolher.
A maldita barba rala dele me faz cocegas, e eu adoro isso! O maldito dono dela também sabe disso... E ele adora.
Como eu falei... Cretino!
— Desligue o automático, marrenta. — ele sussurrava em meu
ouvido, brincando com o lóbulo do mesmo com a ponta fria do seu nariz.
E como se não tivesse feito nada, ele volta à bancada e mergulha
uma colher na panela de sopa e leva a mesma aos lábios, bebericando com um
sorriso sacana nos mesmos.
E como se eu não estivesse lesada o suficiente, eu volto a
massacrar os malditos aspargos, agora com mais pressão na faca e com a ponta
dos meus dedos formigando de vontade de correr por aquele maxilar bem marcado e
sentir os meus dedos pinicarem pela aquela maldita barba.
Eu tirava o avental quando todos já haviam ido embora. Eu
estava atrasada, mas especialmente lesada hoje.
Eu estava anestesiada.
As lembranças me anestesiam.
Eu relembrava toda maldita hora do meu dia o que tinha
acontecido hoje de manhã. O meu doce sonho...
Joguei o avental na bancada e puxei minha mochila para meu
ombro; abria minha mochila enquanto eu andava para a saída, procurando meu fone
de ouvido e meu celular, quando eu quase caiu para trás depois que esbarro em
alguém. Mais especificamente, esbarro no peitoral de Joseph, que eu suspeitava ser
de ferro já que eu quase cai para trás achando que tinha esbarrado em uma
parede(não seria novidade se eu tivesse).
Suas mãos alcançaram minha cintura antes que eu alcançasse o
chão, mas sua gargalhada me alcançou, me embalando em seus braços e fuçando meu
cabelo com o nariz enquanto me balançava da esquerda para direita, no ritmo de
seu riso. Um tapa seco de minha mão acertou seu peito, e eu me afastei dele
emburrada.
— Pare de rir! — o empurrei para o lado, irritada,
praticamente correndo pelo corredor enquanto olhava as horas.
— Atrasada, marrenta? — a praga não saia do meu pé! E ele
fazia questão de alfinetar.
— Se você quer mesmo saber, sim! — eu o encarei, quase
tirando seu lindo couro com meu olhar.
Ele riu, alcançando minha mão livre e entrelaçando seus dedos
com os meus, me fazendo bufar enquanto ele ria gostosamente e balançava nossas
braços entrelaçados.
Quando chegamos finalmente ao ar livre, eu tirei minha mão da
dele e o mesmo falou:
— Vem, eu te dou uma carona, marrenta. — eu parei, o olhando
desconfiada.
— Se você tá queren... — me interrompeu, voltando a
entrelaçar nossos dedos.
— É só uma moto, Demetria! — sorriu. — Eu juro que não estou
querendo nada. — sua falsa carinha de anjo não me enganava.
Fiquei parada ali ponderando as opções que eu tinha, e
quando percebi ele já estava montado em sua inseparável moto Harley-Davidson
Fat Boy preta.
Céus, a visão era de suspirar.
Seus cabelos pretos displicentes caindo sobre seus olhos
azuis era de se fazer babar, e ele não largava seu sorriso sacana no rosto por
nada, me propondo subir naquela moto e o deixando acelerar até ele me fazer
agarrar seu corpo.
Ele era desses.
E eu era daquelas que batia o pé por ele ser
irresistivelmente tentador.
Nos éramos assim.
E ele sempre queria provar que eu estava certa.
— Sobe na garupa, Demi. — ele riu da minha cara de irritada. —
Eu só vou te levar até o trabalho, mais nada.
Então eu subi, mesmo sabendo que ele estava mentindo.
— Você não presta, Joseph Campbell. — falei, enquanto pegava o
capacete preto com detalhes de fogo que bailava pendurado em seu antebraço e
colocava em minha cabeça.
Ele riu gostosamente enquanto colocava o seu do mesmo modo
que o meu, então me olhou com a viseira aberta.
— E eu sei que você gosta, minha marrenta. — e antes de
acelerar, me deu as costas e pegou minhas duas mãos, me fazendo inclinar para
ele e rodear seu corpo com meus braços.
Com um solavanco ele acelerou, então meu corpo engatou com o
dele, e como eu o conheço, eu podia garantir que ele estava com mais um de seus
sorrisos sacanas bailando em seus lábios enquanto faiscava com sua moto pelo
campus e cruzava a saída comigo agarrada ao seu corpo, e só agora percebi que ele
falava a verdade.
Era só isso que ele queria.
Eu passando um tempinho que seja com ele, já que quase nunca
faço isso.
E o ‘’desligue o automático’’ que ele falou, tinha muito mais
significados.
Ele percebeu que esses dias eu estava assim. Só faculdade,
trabalho e casa, faculdade, trabalho e casa... E isso me deixou no automático.
E ele só queria... Desligar-me um pouco. Desligar-me um pouco nesse meio tempo;
nesse meio tempo com ele.
Era só isso que ele queria...
Por que esse é o Joseph.
Tem muitos significados por trás dele, e ele só queria que
alguém o desvendasse, ou ao menos tentasse.
Com isso na cabeça, ele parou a moto e eu pude notar que já
havíamos chegado, mas eu não o larguei, eu continuei o abraçando, por que era
disso que ele precisava, e era isso que ele queria.
Senti-me uma idiota por ter achado...
Ele tirou o capacete e colocou em um dos braços da moto,
então eu tirei o meu e entreguei para ele, descendo da moto enquanto ele continuava
sentado me olhando não mais com seu sorriso.
Desviei meu olhar dele e olhei para veiculo que ele estava
sentado. Céus, aquilo devia ter custado o olho da cara! Mas eu sabia que era do
pai dele, então...
— Meu pai me deu. — quando meus olhos pousaram em seu rosto,
ele mordia fortemente o lábio e seus olhos estavam vermelhos por prender o
choro.
Mas... Ele não devia estar feliz por ter ganhado a moto? Ele
a amava!
E por mais lesada que eu seja, eu entendi...
Céus!
Eu me joguei em seu corpo e o abracei forte pelos ombros,
deixando sua cabeça em meu ombro, e ele chorava, suas lágrimas molhavam meu
pescoço, e ele soluçava.
— Ele morreu, Demi. — soprou. — Meu pai morreu. — ele
repetia; ele queria tirar aquilo de dentro de si. — Meu pai morreu. — murmurou
ao pé no meu ouvido.
Ele queria tirar aquilo de dentro de si!
Eu podia sentir seu coração tremendo, suas palavras amargas
pulando de sua boca, seu corpo mole e pesado jogado em meus braços, me deixando
o segurar, segurar sua dor.
Eu seguraria.
Por que ele sempre me segurou.
Por que éramos um entrelaçar de dor.
Éramos um entrelaçar de lágrimas.
Éramos eu e Joseph.
Sempre foi.
Desde os dez anos.
Continua...
Por que eu demorei uma semana para postar? Eu realmente prefiro nem comentar ¬¬' Mas o principal motivo é que não tava dando para eu postar! Não por falta de tempo, mas por que realmente não tava dando. A Caah, que me ajuda, também não tava dando para ela postar então sem post :( Por que não tava dando? Vários motivos motivos! Eu só posto se eu escrevo, e por algum motivo eu estava travada! E quando eu escrevia não dava para postar! Sim, tenho capítulos acumulados, mas mesmo assim eu só posto se eu escrever. Tenho que revisar, a Caah poderia betar para mim, mas eu gosto de fazer isso eu mesma. Estruturar e etc...
Decidi adaptar o Ian para Joseph por que pessoas pediram, então tá ai...
Por favor, tenham consideração comigo e com os capítulos que eu me esforço para trazer para vocês e gastem ao menos 5 minutos do tempo de vocês e comentem, por que nos autoras, gastamos 5 horas em compensação! E óh: AMAMOS comentários grandes! Esses sim <3
Gasto tempo, muito tempo, para trazer um site e um post limpo e bonito, e de qualidade para vocês <3 As vezes nos só precisamos de apoio!
Nessa semana ainda tem mais post, espero que vocês estejam pegando o quê da coisa.
Beijos gatas e gatos seduzentes ;*
Me adicionem no wpp: 85-87684224! Umas gatas seduzentes já me adicionaram, e eu as amo muitoooooo <3 Minhas garotas u.u