Começando a entender.
— Meu Deus, onde você está, Selena?
A enfermeira arfou, se inclinando para frente, segurando o choro.
Céus! Ela era
sua irmã!
— Deus! — exclamei. — Que saudades, Mandy. — será que ela ainda
era a mesma?
— Não fuja da minha pergunta, pequeno troféu!
Sim, ela era a mesma. A enfermeira só não tinha certeza, se ela mesma, continuava a mesma...
E ela não fugiu, ela respondeu. Esperando a mulher vir ao seu
encontro tão rápido quando ela jogou o endereço de sua localidade para fora de
sua boca.
Ela apenas... Não estava acostumada a ter essa bolha em seu
peito perto de estourar. E a cada minuto que se passava, a fina película que
forma a bolha, se expandia, e Selena se sentia como se estivesse sufocando. A bolha
ocupando todo seu pulmão, e a impossibilitando de respirar. E por mais
agonizante que seja essa espera, a sensação era boa; por que ao menos, ela
sabia que essa espera finalmente iria acabar.
Ela estava feliz, e ela só não estava acostumada com isso.
— Preparada? — a mulher com suas ondas acobreadas inundou o
quarto, encontrando Demetria de regata preta e short jeans cinza; descalça. A
menina ergueu seus olhos do chão para a mulher, e Gomez pôde ver que sua
resposta é ‘’não’’.
Ela não está preparada para ser feliz.
Qual é? Ela apenas é... Franca. Quem está preparado para ser feliz?
A gente nunca está preparada(o) para o que queremos. É como perguntar, agora,
para você que está lendo: Se você soubesse, ainda no útero de sua mãe, como seria
sua vida depois de nascer; você estaria preparado?
Eu permaneceria no útero, para ser sincera.
Mas assim como eu sai do ventre da minha mãe, Demetria saiu de seu
quarto, e ela percebeu que mesmo ela vendo as mesmas coisas pela milésima vez,
não era a mesma coisa. Ou talvez sejam! Talvez ela que não seja mais a mesma.
Selena entrelaçou seus dedos com os da menina, e sorriu para a
mesma. Lovato não soube o que fazer, então apenas seguiu-a pelo corredor até a
porta para o pátio, que antes de ser aberta, a enfermeira largou a mão da
menina, e a deixou seguir sozinha.
E foi isso que ela fez. O que poderia dar tão mal? Só o
habitual... E isso já era... Habitual!
Empurrou a porta, e entrou no pátio. Olhares pousaram em si, e
Demetria teve vontade de olhar para o chão e andar rápido para o jardim.
Esse era o
seu habitual.
Mas lá também teria pessoas.
Então ela andou lentamente, seus
olhos varrendo as pessoas que a olhavam. Ela não sabia o que acontecia depois
daquilo. Ela não ficava para descobrir. Então as pessoas voltaram aos seus
afazeres. Uns liam, outros riam, uns conversavam, outros calavam. Apenas
seguiam suas vidas. Talvez conversando sobre ela, mas o que poderia acontecer
de tão ruim? Ser criticada ou rotulada? Poupe-me. Essa era a menor de suas
preocupações. E agora, enfrentando isso, ela percebeu isso. O pior, não era o
que os outros falavam de si, mas sim o que ela mesma falava sobre si.
Varrendo os olhos sobre o local tingido de marrom e branco, ela
percebeu que era apenas isso. Mas que ela, não era apenas isso.
O lugar era amplo com diversas mesas espalhadas pelo local.
Pacientes, pessoas com aparência normal, jovens como ela, e velhos, jogavam e
conversavam. Uns com seus enfermeiros do lado, outros apenas conversando entre
si, enquanto seus enfermeiros faziam a mesma coisa. Uns três ou quatro paramédicos
ficavam no local, seus corpos rígidos como esculturas rígidas nas extremidades
da sala, dando suporte como colunas que seguravam a estrutura.
Uma menina, vestida de preto, com cabelos ruivos, sorriu para a esquizofrênica e acenou. Os olhos de Lovato foram para o braço elevado da garota, e analisou
cortes que cobriam seu pulso. Demetria sorriu timidamente para a garota. Um garoto
estava ao lado da menina, na mesa em que ela estava; seus cabelos eram loiros
com cachos. Ele parecia normal, com suas olheiras sustentando seus olhos azuis;
seus olhos arregalados ao olhar para a garota. Seu braço se fechou ao redor da
menina ruiva, sorridente. Um ato de carinho, um ato de possessividade... Um ato
de proteção. Ele a estava tentando proteger de Demetria.
Não.
Ele a estava tentando proteger da esquizofrênica.
Seus olhos a diziam isso!
A ruiva beijou o braço do menino, inerte ao fato de que aquele ato
não era de fato para ela, mas sim para a esquizofrênica. Um aviso para ela sair
dali. Um aviso de que ela ainda era esquizofrênica!
Lovato sentiu uma onda de acido subir de seu coração para sua
garganta. Antes, ela arfaria e vomitaria. O ácido subiu para seu nariz, e por
fim, para seus olhos, molhando suas retinas.
Sua visão do casal foi interrompida por cobre, e ela sentiu seu
rosto sendo enterrado no pescoço de sua enfermeira. Ela sentiu um soluço romper
por sua garganta e escancarar seus lábios. Selena deixou a menina molhar seu
pescoço e ombro, mas não durou três minutos. Gomez sorriu.
Sua menina era forte.
Quando Demetria percebeu que chorava, rosnou baixinho no pescoço da
mulher. Ela não iria deixar que aquele garoto a atingisse tão fundo.
Ela parou
de chorar.
Não limpou os olhos e muito menos o rosto.
Ela queria que ele visse!
Ela queria que todos vissem.
Ergueu a cabeça e alinhou o queixo. Sua mente pesava toneladas,
mas ela sustentou. Sua visão parou no rosto orgulhoso da enfermeira, e isso bastava.
Virou seu rosto para a direita e deixou o casal analisar seu rosto vermelho e
úmido. Eles estavam chocados. Ela chorava?
Agora sim.
A menina deixou seus cabelos chicotearem o ar enquanto caminhava
até a mesa em que a menina antes sorridente, e o menino medroso, estavam; e apoiou suas
mãos enfaixadas lá.
— Sim; eu sou a esquizofrênica. — e pela primeira vez, ela sorriu
cinicamente ao notar o susto de alguém ao seu olhar. — Eu sou Demetria Lovato, e
ainda tenho humanidade. — sua voz saia leve, mas pesada nos ouvidos do menino,
fazendo seu coração rachar. — Agora eu me pergunto: Você tem?
O garoto se levantou, ameaçando Lovato com sua altura e corpo forte.
Sua mão capturou o pulso enfaixado dela, apertando.
— Quem você pen... — Selena o interrompeu, aparecendo ao lado da
garota de gelo.
— Agora eu me pergunto: Quem agora é o violento? — ele a soltou,
como se a pele branca da menina o estivesse queimado, ou apenas, sua própria
humanidade.
A garota não ficou no local para ver o que aconteceria depois. Suas
mãos impulsionaram as portas que daria para o jardim, e esperou a enfermeira a
seguir, com seu jaleco branco de costume, e seus fios de cobre ondulados
emoldurando seu rosto.
— Des... — a maior começou, mas não terminou.
— Não se desculpe por aquele imbecil. — a cortou, suas mãos nos
ombros estreitos da mulher. — Ele é só mais uma pessoa estúpida. E essa é a
menor das minhas preocupações. — a garota falou aquilo mais para si mesma do
que para sua ouvinte. Aquilo era algo para ela pensar, e acreditar; então
resolveu falar.
— E quais suas outras preocupações? — o pequeno troféu a
incentivou na sua ideia de sobrepor o incidente com aquele energúmeno.
Uma sirene tocou a cima de sua voz.
— Comer. — é isso. — Acho que comer é sempre uma prioridade, não
acha? — sorriu, o inicio de uma risada iniciando nos lábios.
Gomez gargalhou, encaixando seu braço esquerdo no direto da menina,
como velhas amigas.
— Com certeza é. — e içou a menina de lá, voltando pelo pátio e
virando a esquerda, dando no refeitório.
Uma onda de pessoas inundava o local, passando pelas mulheres como
se elas não tivessem ali. Acho que todos acreditavam na mesma coisa que Demetria. A
comida é mais importante do que seus problemas e pessoas estúpidas. É. É isso.
O lugar era bem maior que o pátio; quase o triplo dele. Cinco
mesas longas ocupavam o lugar paralelamente, e um imenso balcão transitava
diversos pratos de comida etiquetados com os nomes dos pacientes em plaquinhas.
Um vidro substituía a parede lateral como uma janela, e isso era bastante legal.
Lovato nunca vira tantas pessoas! E não sabia ao certo se gostava
disso, ou não. Ou talvez não seja não
gostar, mas sim, achar irritante o fato de ter tanta agitação, quando não se
sabe ao certo o porquê de cada pessoa estar fazendo isso. Talvez seja apenas
para ter algo em que se ocupar, e saber que isso é mais uma preocupação para
sobrepor as outras. Então talvez, a outra preocupação não seja comer em si, mas
sim ter outra coisa para fazer; uma coisa melhor. Ou pior, em outros casos.
— Acho que não devia estar aqui. — falou baixinho, no ouvido da
mulher.
Verdadeiramente, ela não deveria mesmo! Mas ela estava quebrando
regras, e Selena também estava. Isso não passava despercebido para ela, mas para
as outras pessoas, sim. Afinal, todos tem outra preocupação.
— Talvez não devesse mesmo. — seu olhar foi parar no maxilar tenso
da garota ao seu lado analisando o local. Sorriu quando a menina encontrou
seus olhos; ela estava apavorada! — Mas quem liga? — o olhar apavorado de Demetria não suavizou com essa tentativa falha da enfermeira de fazer piada. — Vamos.
Aqui, agora, você é Demetria Lovato. Não a esquizofrênica, ok? — céus...
A menina concordou em um aceno de cabeça. As duas foram procurar
um lugar para sentar, e quando acharam, pessoas abriram espaço para elas. Mas
não por medo. Abriram espaço para elas sentarem entre eles.
Selena deixou a menina na mesa, entre as pessoas que logo engataram
uma conversa qualquer, e foi buscar a comida de ambas. Quando voltou para a
mesa, analisou a face leve e risonha da menina, rindo de algo que alguém falou.
A viu corar ao seu olhar, e isso a agradou; pois dessa vez, foi ela que reagiu
ao seu olhar, e não Gomez ao dela.
— Ei! Você é Demetria, não é? A esquizofrênica? — um homem, de mais ou
menos 40 anos, perguntou. Era ele o autor da piada, e ele se referia a Dmetria.
A menina corou, sorrindo. Olhou para o prato de comida e pensou em
negar. Mas ela não tinha como. Ela era isso. Isso era ela. E seu sorriso se
expandiu, ao olhar para o rosto sorridente do homem na expectativa de uma
resposta.
— Sim, sou eu. — ela engatou um riso; mas saiu mais como uma
tossida. — Eu sou a esquizofrênica.
E dessa vez, não houvi nada para atrapalhar. Não teve impasse, não
teve medo, não teve nada. Só algo pequeno, que começava a fazer cocegas no
coração de Luci. Algo que ela não sabia identificar. Algo pequeno, mas que a
cada risada que saia de sua boca, se expandia. O nome disso era felicidade...
Algo inusitado e que nunca aconteceu, só entre ela e Joseph. Era uma verdade!
Verdade na qual, ela não teve receio de acreditar.
Porque agora, ela não era a esquizofrênica, chamada Demetria Lovato. Mas sim Demetria Lovato, a esquizofrênica. E agora ela começou a entender isso...
Continua...
Tuts tuts quero ver ♪ Não sei por que eu escrevi isso, sendo que eu nem... Deixa pra lá, né? HAHA
Digam que estão orgulhosos de mim, por que agora eu estou seguindo direitinho a rotina aqui do site :) u.ú haha
Alias, dia 4 é meu aniversário e tá, não sei por que falei isso '-' Vou fazer 15 anos, e faz uns 3 anos que vocês me aturam \õ/ Parabéns u.ú haha
E eu não sei por que eu tô falando isso KKKKKK tá, eu sei; é por que eu não tenho nada para falar, e estou enrolando aqui KKKKK
Então é isso pessoal!
Beijos gatas e gatos seduzentes ;*
Brigadão a quem comenta, tá?