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11 de jul. de 2014

Sonhos versus Realidade - Capítulo 8.

Ela.

       Respirei fundo antes de finalmente me levantar da cama.
     Oh! Eu estou enferrujada. Minha cabeça dói e eu tenho a familiar sensação de duvida em diferenciar a realidade dos meus sonhos.
       É, a realidade é confusa. Ok, já podem me chamar de ‘’Realidade’’.
Então eu paro sentada na cama e tento focar minha visão na minha cômoda, e lá está cheio de Realidades. Levanto-me da cama repentinamente e estranhamente animada, ansiosa para comer. É... Não é tão estranho assim eu ficar animada para comer.
     Enquanto estou no banho, me lembro de que hoje é sábado e que eu acordei cedo.
      Por que eu acordei cedo?
     Fecho o chuveiro me xingando internamente, continuo com os derivados feios até eu terminar de me vestir com outro pijama, pronta para comer e voltar a dormir. Então eu me lembro de que eu terei que sair do meu quarto se eu quero realmente fazer uma refeição descente, e isso significa implicitamente realmente ter que acordar, olhar para seus familiares e ter que assumir que sua realidade não é um sonho, nem lá essas coisas. Assim não é tão difícil ou confuso distinguir o sonho da realidade, e aquela deliciosa dúvida que eu senti ao acordar só seria mais uma dúvida e me transformaria em uma completa imbecil por ter tido ela.
     Decidi voltar para minha cama com um saco de Realidade e me empanturrar dele. É... Não é tão fácil confundir a Realidade do Sonho. Afundando-me na cama com a boca cheia de Realidade eu me cobri com o edredom mesmo não estando frio. Agora seria a hora de ter minha mente cheia se sonhos.

     Sempre tive a facilidade de fechar meus olhos e andar em minha mente, procurando nela o sonho que eu queria realizar, mas nem sempre eu encontro um, e quando eu não encontro, eu me deixo vagar em meu próprio escuro. Eu me vejo só e de repente estou chorando, sem ar para respirar, e eu me lembro de quando eu era pequena e meu pai ia embora de casa. Minha mãe me via agarrada aos ferros do portão e gritando com toda a força que meu corpo pequeno e frágil podia, então de repente eu estava tentando puxar o ar, como se o mesmo tivesse fugido de mim como meu pai. Ele era meu ar, e sem ele eu não sabia respirar, literalmente. Minha mãe me pegava no colo e me colocava em suas pernas, me balançando e fazendo pressão entre meus peitos, esfregando. Eu via lágrimas em seus lindos olhos castanhos como os meus, e por mais egoísta da minha parte eu não conseguia me acalmar, isso só era mais um motivo para eu não parar até ela parar e suas lágrimas enxugar.
     No escuro da minha mente eu vejo uma garotinha caminhando até a mim, não me ajoelho, não me aproximo, não recuo, apenas continuo ali, tentando identificar quem é ela.
     Meu primeiro susto.
     Puxo o ar com minha boca fortemente, e o dela, o da menina a minha frente, se esvai. Ela puxa o ar, se deita no chão agonizando esperando sua mãe vir e esfregar seu peito, mas ninguém vem, então ela continua agonizando no chão e eu a deixo.
     Um espelho aparece a minha frente e eu foco em meu rosto, trilhas de lágrimas cortam o mesmo e isso pode parecer loucura, mas ver o meu reflexo enquanto choro me alivia, por que assim me dar mais motivos para chorar, e para quando isso acabar eu consigo ver minha cabeça se erguendo, eu consigo ver meus dedos limparem minhas lágrimas, eu consigo ver meus lábios rachados trajarem um sorriso fraco, eu consigo ver minha fraqueza, e consigo ver minha força surgindo dela. Mas por algum motivo, na minha mente, no escuro, sozinha, quando eu vejo meu reflexo eu me assusto, então eu acordo em crise. E lá está minha mãe, com as mesmas lágrimas nos olhos de quando ela esfregava meu peito, parada no porta me esperando dizer pela incontável vez, sempre quando isso acontecia:
     — É ela. — meu rosto já estava contorcido pelo choro mesclado com o medo. — Está acontecendo de novo.

     Ela continua lá comigo, e por incrível que pareça eu não consigo a abraçar quando isso está acontecendo. Não consigo abraçar ninguém. Eu não consigo raciocinar e firmar um pensamento sem que ela apareça nele e me faça gritar.
     Podem me julgar de tudo que queiram, mas o único que consegue me acalmar, a única coisa que me acalma e o único alguém que consegue fazer isso não é meu pai, nem minha mãe, nem nada disso... Clamo a Deus do fundo de meus pulmões e peço para ele me acalmar, e depois de longos, longos minutos clamando Seu nome, ouvindo minha mãe também pedir a Ele por mim, eu consigo me acalmar, consigo respirar e perceber que mais uma vez Ele me atendeu, Ele me acalmou. E eu sinto como se Ele estivesse me colocando em seu colo e fazendo pressão entre meus peitos, o esfregando, trazendo ar aos meus pulmões e calmaria ao meu pequeno corpo, me fazendo dormir.

     Acordo 1 hora depois e minha mãe me faz companhia na cama, ela também descansa ao meu lado. Seu rosto está virado para mim, e eu posso observar agora bem calmamente o quão diferente ela fica assim... Serena. É bem dificil ver ela assim, normalmente ela está sempre ligada em 220 voltz e não para quieta, sempre arranjando um jeito para no final do dia ela poder se dizer satisfeita e feliz. Todos querem isso para a vida, não é?! Fazer tudo no dia para no final dele se dizer feliz. Ela consegue isso, e eu a admiro com todo meu coração, mas disso ela não precisa saber... Seus cabelos negros ondulam seu rosto, seu maxilar marcado enche suas maças do rosto e deixa seu pequeno nariz espremido entre elas, suas palpebras fechadas escondem os mais lindos olhos, duas pupilas castanhas que sempre dão um jeito de sorrir, fechando seus olhos e formando lindas ruginhas no canto deles. Eu amo gente que rir com os olhos, e quando ela o faz os mesmos se fecham, sua boca se abre em uma risada e eu estou rindo junto com ela e por ela. Seu corpo pequeno e magro descansa em minha cama, e ela está cansada; ela é facil de se pegar no sono, mas também é facil de se acordar, por isso eu fico assim, só a observando dormir para não correr o risco de acorda-la.
     Olho para o relogio na cômoda ao lado e marca 13:00, não me importo, mas parece que alguem sim, pois meu celular começa a tocar e minha mãe acorda, boceja, me dá um beijo na testa e sorri para mim, saindo.
Capturo meu celular e é Joseph, reviro meus olhos e atendo.
     — Eu juro que se você não me der uma explicação pláusivel por me ligar a essa hora em pleno fim de semana, eu nunca mais atendo suas ligações! — chio, qual é?! É fim de semana!
     — Abra a porta, marrenta. Pare de trocar os turnos do dia e levante seu traseiro dessa cama.
     Eu podia saber que ele estava rindo internamente, pois ele sabia que se espusesse esse riso eu desligaria o celular na cara dele.
     — Joseph Campbell! — advertir.
     — Cansei de lhe esperar sair da cama. — então ele desligou, e quando o fez eu agradeci aos céus, até ele se jogar na minha cama, mais especificamente, em cima de mim; e caramba, ele pesa!
     — Sai  de cima de mim, Joseph! — esperneei, o chutando com minhas pernas tentando o levantar, enquanto com os braços eu tentava o empurrar, mas ele era apenas como uma rocha em cima de mim, uma maldita de uma rocha sorridente!
     — Hoje meu dia foi de merda, portanto me deixe relaxar um pouco. — sua voz estava engraçada por sua boca estar pressionada contra meu pescoço, eu me encolhi em cosegas.
     — Hoje você está muito carente, grande coração. — o acusei, rindo enquanto suas grandes mãos se apossavam de minhas costelas por já achar que ele iria fazer cosegas em mim, mas suas mãos apenas ficaram lá, me segurando nem contra ele nem longe dele, apenas me segurando enquanto o mesmo fungava em meu pescoço. — Isso que dá levantar cedo!
     — Isso que dá quando você tem que levantar cedo para organizar não sei o que do interro do seu pai.
     Outch!
     Então eu entendi o por que de suas mãos apenas estarem em mim, apenas estando em mim, eu entendi o por que dele estar especialmente carente e dengoso hoje, e eu também entendi o por que de eu estar tão lerda, por três motivos: Um, por ainda ser de manhã para mim e para meu cerebro; dois, por eu ter acabado de acordar novamente de um sono dos justos; três, por eu estar com Joseph, e quando eu estou com ele eu posso me focar apenas nele e na felicidade que nos fazemos juntos.
     Ele percebendo que eu parei de lutar com ele e até mesmo de replicar — o que é bem raro; levantou a cabeça e me olhou nos olhos, puxando minha atenção debil para ele.
     — E por que nesses dias eu estou especialmente carente, e é por isso que eu vim lhe pertubar. — sua cabeça mergulhou para minha barriga e seus dentes capturaram o que puderam em uma mordida, me fazendo piar em um riso. — Agora me sirva, mandada; eu estou com fome. — então ele rolou para o lado, empurrando meu corpo mole para o chão.
     Rolei meus olhos e piei o nome daquele estrupicio enquanto sentia seu corpo quente antes me cobrindo sendo substituido pelo chão frio.
     — Joseph. — o chamei, realmente rindo internamente.
     — Oi. — ele se virou com um sorrisso de vitorioso, me olhando enquanto eu me espreguiçava ainda no friozinho do chão.
     — Devo lhe lembrar de que você está na minha casa? E que essa é minha cama? — me virei de barriga para cima, observando seus olhos clarissimos atentos a todo movimento brusco da minha parte. O safado sabe que eu estou muito calma depois dele ter me jogado no chão para ser verdade...
     — Estou começando a ficar com medo, Demetria.
     Meu sorriso malicioso o fez se levantar da minha cama, e eu o pude observar corretamente agora. Seus olhos azuis, sua blusa branca de manga longa sem estampa, sua calça de lavagem escura e seu tenis preto e branco. O cretino estava lindo, e ele sabe que está, e ele também sabe de minha lindissima queda por blusas de manga longa em homens.
     Minha risada malefica me deu energia o suficiente para me levantar do chão e voltar a deitar em minha cama.
     — Se quiser deitar, eu deixo um espacinho para você, mas eu não vou cozinhar para você, Campbell.
     Eu quase podia ver o beicinho que ele fez, eu quase podia ver a covinha em sua bochecha se espremendo e seus grandes olhos azuis se apertarem. Mas diferente do que eu previa, ele não se esfremeu no espaço vazio da cama que eu lhe deixei, e mais diferente ainda do que eu achava, eu me virei para ele e o flagrei de boca cheia, seus lábios cobertos em uma cobertura azedinha e sua boca recheada por um pãozinho salgado.
     Ele estava cheio de Realidades.
     E eu me peguei sorrindo para ele enquanto eu o chamava de meu.
     Ele é a minha realidade.
Continua...
I'm back, cats!
com um corte do tamanho do mundo na perna, mas voltei \õ/
     Se eu tenho novidades? Sim! Mas só vou contar no próximo post que eu vou postar ainda hoje, que talvez só saia de madrugada D: Mas se vocês passarem por aqui amanhã, já vai estar no ar ;) De qualquer jeito, eu vou lhes lembrar na page do site ;)
      
Até já gatos e gatas seduzentes ;*
Kisses!