A angustia da um gosto arenoso em minha boca, a
amargura corroí minhas veias e para em minha jugular me causando arrepios. O
gosto de sangue de meu lábio cortado pela força de meus dentes prendendo o
mesmo me faz arfar. As lágrimas presas entre minhas pálpebras rapidamente
molham minhas bochechas. Grito rancorosamente.
O que está acontecendo comigo? Eu estou acumulando
meus pedaços no chão do meu quarto, deste modo, sempre que entro no mesmo me
corto novamente. Passo meu antebraço em meus olhos e gemo novamente entre
minhas lágrimas, meu corpo arfa em todos meus soluços, me fazendo gritar. Ainda
bem que não há ninguém em casa. Não gosto de mostrar minha fraqueza a ninguém.
Ainda desesperada pelo choro. Abro a porta do meu
quarto e seguro forte a maçaneta. Fecho novamente. Olho para o meu quarto
bagunçado e arfo novamente entre os soluços. Eu estou me perdendo aos poucos em
meio aos meus próprios pedaços.
Ajoelho-me no chão e vejo o meu próprio sangue
pingar de meu lábio a conta gotas. Eu queria acabar logo com isso, com meus
erros constantes e repreensões de outras pessoas a meu respeito, mas elas não
me ouvem quando eu digo que já sei que errei. Isso só faz eu me sentir mais
culpada, mais pesada. Louca para me livrar desse peso. Mas elas não me ouvem,
ou sou eu que não falo?
As pessoas se acham superiores a mim e
consequentemente elas me rebaixam. Tenho raiva de mim mesma por não reagir.
Sinto-me sozinha em meu fim do poço que renomeei para meu quarto. Esse será um
dos meus inúmeros choros que estar por vir, eu sei que ainda chorarei muito na
minha vida, mas basta a mim prolongar esse tempo de ausência das lágrimas em
minha face.
Deixarei as pessoas se sentirem grandes e
inalcançáveis, mas aqui em meu quarto, sorriu comigo mesma em meio às lágrimas
e um sopro de riso sai entre meus lábios regados a sangue. Eu passarei delas
apenas com meus passos cansados, com meus braços calejados e com meu coração
arranhado. Pois enquanto elas se preocupam em me rebaixar para poderem se sentir
bem, eu me preocupo em secar minhas lágrimas e gargalhar. Pois, de um jeito ou
de outro, eu já ganhei essa guerra, só eu que ainda não percebi.
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