Deitada em minha cama, pensei. Meu coração pode ser facilmente comparado
com um cadeado, essa foi minha maneira de me proteger. Odeio ser fraca, odeio
ter tido que me proteger com cadeados e guardar as chaves dos mesmos no fundo
do meu corpo para me proteger de minhas próprias ilusões, de minhas próprias
dores.
Rolei na cama e afundei meu rosto no travesseiro, mordi o mesmo,
contendo um grito de desespero. Estou me sufocando, me prendendo com meus
próprios cadeados, me protegendo do mundo. Poucas pessoas tem a paciência de me
desvendar, de conquistar as chaves dos meus próprios cadeados. Preciso
urgentemente de uma pessoa que me liberte de mim mesma, da minha própria
prisão.
Sento na cama cansada de tentativas falhas de romper meus cadeados.
Prometo para mim mesma que eu irei libertar-me e mostrar para todosque me
fizeram prender-me que eu posso e que eu vou seguir em frente, que eu fui forte
o bastante para romper meus cadeados e enfrentar o mundo afora, o
mundo que eu tanto almejei quando pequena e o mundo que irá me admirar quando
mulher.
Bato um papo pré-sono com minha força e com minhas ilusões. Minhas
ilusões dizem para eu escutar meu cérebro medroso e defensor do meu coração de
vidro. Minha força fala para eu escutar meu coração de vidro e confiar
mais nele, confiar mais em mim, por que, mesmo eu o quebrando, mesmo eu me
quebrando, eu aguentarei os cacos de vidros em minhas mãos, eu aguentarei outra
ilusão, outra decepção, por que assim é o mundo, ou você intimida o mundo, ou
ele intimida você.
Eu cansei de ser intimidada, de parecer criança, agora eu vou intimidar
com a mulher que me tornei e com minha força, a força de uma mulher que já foi
quebrada, a força de uma mulher sofrida, de que já aguentou muito nessa vida,
de uma mulher que já aguentou muito por ai, de uma mulher que já aguentou muito
de si mesma.
Realmente perfeito.eu amei.
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