Sou
um muro de areia, com intuito de embaçar a visão dos próximos, mas o único que
acaba com visão embaçada sou eu mesmo. Enquanto estou tentando limpar os olhos
e protegendo os mesmos para tentar andar, e não ser atingido com uma lufada de
ar carregada de areia, tropeço inúmeras vezes e caiu na maioria de minhas
tentativas de seguir em frente.
Caiu
à noite, e preparo-me para a tempestade que todo dia, de noite, vem. Cubro meus
olhos com meu antebraço e semicerro os olhos. Olho para trás e tento ver algum
lugar para me abrigar. Mas não tem. Não mais. Eu fui embora do único abrigo que
me aceitava, e como uma forma de tentar me derrubar, de noite, todo santo dia,
vem uma tempestade de areia para tentar me impedir de seguir em frente. Uma
tempestade de mim mesmo. Eu sou minha tempestade.
‘’Mas
eu não caí, eu ainda continuo aqui. ’’ Eu grito rancorosamente para minha
tempestade, na tentativa de que com o meu grito ela fosse embora. Tento andar
um pouco mais rápido, e dou de cara no chão. Tusso pela boa dose de areia que
desceu pela minha garganta, rasgando meu coração e ressuscitando meus pecados,
me fazendo apodrecer.
Derramo
todos meus erros em forma de lágrimas, e tampo meus olhos com minhas mãos, e
enquanto mais choro, mas minha tempestade vai se acalmando, deixando apenas
minhas lágrimas como chuva. Mas eu ainda estou no meio do deserto, no meio do
árido. Eu ainda estou em mim, e nenhuma tempestade jamais me derrubou, por que
mesmo se ela tentar, eu sempre vou estar lá para me acalmar.
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