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2 de mar. de 2014

Eu sou minha tempestade.


Sou um muro de areia, com intuito de embaçar a visão dos próximos, mas o único que acaba com visão embaçada sou eu mesmo. Enquanto estou tentando limpar os olhos e protegendo os mesmos para tentar andar, e não ser atingido com uma lufada de ar carregada de areia, tropeço inúmeras vezes e caiu na maioria de minhas tentativas de seguir em frente.
Caiu à noite, e preparo-me para a tempestade que todo dia, de noite, vem. Cubro meus olhos com meu antebraço e semicerro os olhos. Olho para trás e tento ver algum lugar para me abrigar. Mas não tem. Não mais. Eu fui embora do único abrigo que me aceitava, e como uma forma de tentar me derrubar, de noite, todo santo dia, vem uma tempestade de areia para tentar me impedir de seguir em frente. Uma tempestade de mim mesmo. Eu sou minha tempestade.
‘’Mas eu não caí, eu ainda continuo aqui. ’’ Eu grito rancorosamente para minha tempestade, na tentativa de que com o meu grito ela fosse embora. Tento andar um pouco mais rápido, e dou de cara no chão. Tusso pela boa dose de areia que desceu pela minha garganta, rasgando meu coração e ressuscitando meus pecados, me fazendo apodrecer.
Derramo todos meus erros em forma de lágrimas, e tampo meus olhos com minhas mãos, e enquanto mais choro, mas minha tempestade vai se acalmando, deixando apenas minhas lágrimas como chuva. Mas eu ainda estou no meio do deserto, no meio do árido. Eu ainda estou em mim, e nenhuma tempestade jamais me derrubou, por que mesmo se ela tentar, eu sempre vou estar lá para me acalmar.

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