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2 de abr. de 2014

A Esquizofrênica - Capítulo 39.

Minha hora.

Quando Demetria acordou no dia seguinte, Selena estava deitada no sofá digitando no celular e sorrindo.
Gale.
Logo a garota soube que se tratava de seu pai, e sorriu.
— Hum. — sentou-se na cama. — Como está meu pai? — seu sorriso malicioso enquanto se espreguiçava não entrou na visão da enfermeira. Ela nem olhava! O celular tinha toda sua atenção, ou melhor, seu pai tinha toda sua atenção.
— No trabalho. Ele está bem. — soltou, inerte. — Oh. — agora sim.
A menina explodiu em uma risada ao notar as covinhas evidentes no rosto da enfermeira, corada.
— Dem... — foi cortada pela voz sonolenta e divertida da menina.
— Pare com isso, ok? Eu gosto. — a menina sorriu. — Gosto de te ver feliz e meu pai também. Gosto de ver vocês dois felizes; juntos. — assinalou.
Gomez levantou-se do sofá deixando seu celular lá, e abraçou a garota, acariciando seus cabelos.
— Gosto de lhe ver assim. —a voz da enfermeira falhou, com lágrimas nos olhos, se segurando para não chorar. — Feliz, sorrindo, rindo, ou o que quer que seja. — riu nervosa, se engasgando com suas próprias lágrimas.
Orgulho.
Era isso que ela sentia.
Viva.
Era assim que Demetria se sentia.

Depois de comer algo, a menina rumou para o jardim, passando pelo pátio ainda cheio de gente com tanta convicção em seus pés quanto a certeza de estar viva, de respirar e expirar.
Tentou não pensar no que as pessoas pensavam ao lhe ver praticamente correndo igual uma doida a caminho do jardim. Afinal, quem seriam eles para julgar alguém parecendo um louco?
A garota não saberia o que eles estavam pensando. Ela não sabia nem o que ela mesma estava pensando!
Rompeu pela porta do jardim ofegando.
Céus, só agora ela percebeu o quanto era sedentária! Mas seu corpo não dizia isso fisicamente.
Ela estava animada e ultrajada por ver tantas pessoas aglomeradas naquele bendito jardim. Mas não queria entrar na roda. Rumou para longe das pessoas, e alcançou um lugar distanciado, quase perto do alojamento dos enfermeiros da clinica. Quase. Mas perto o suficiente de uma menina que estava encostada no tronco de uma árvore, os cabelos vermelhos estavam mais vivos, combinando com o sangue que andava por sua pele.
Oh!
Lovato paralisou.
A menina não gemia, ou gritava, sua expressão era vazia ao se arranhar, assim como seu corpo e cordas vocais. Sua coxa direita sangrava, sujando a grama com suas lágrimas vermelhas. Suas lágrimas de sangue.
O corpo também chora.
E agora, o choro da menina não existia, eram somente lágrimas, lágrimas essas que estão sujando a grama. Lágrimas de sangue.
A garota de cabelos pretos olhou para o braço da menina, para a mão, e não encontrou nada. Seus olhos regressaram para o pulso da menina, acariciando o local com seus olhos negros, e a menina pareceu sentir. Virou o rosto vazio para a esquizofrênica, e agora sim, ela gemeu rancorosamente em choro, se desmanchando em lágrimas.
Seu chamado de socorro.
Demetria reconheceu aquela garota.
Era a mesma do refeitório, que acenava para si enquanto sorria. Parecia tão feliz...
Um sorriso pode esconder tantas dores.
Seus joelhos arderam ao ralar na grama, como se a mesma não quisesse ela lá, a quisessem afastar.
Ela sentou-se em cima de seus calcanhares, no lado esquerdo da menina, e deixou sua mão direita pousar em cima da mão daquela menina, a mesma por sua vez, estava com as unhas de sua mão direita cravadas em sua coxa ensanguentada.
Seus olhos se comunicavam, mas a esquizofrênica nada falava, só deixava sua mão lá, agora parando a mão da menina que antes arranhava sua coxa, realizando acordes, tocando a música de sua dor. Ambas as mãos descansaram em cima do sangue quente.
 Ela deixou a menina chorar, enquanto seus olhos impassíveis não vacilavam ao encarar sua dor em seus olhos.
— Obrigada. — ouviu os lábios cansados da menina sussurrar.
— Obrigada pelo quê? — sua voz era dura, não repreensiva, mas tensa pelo que tinha em mãos.
— Por me fazer chorar. — ela ainda soluçava em choro.
Lovato não soube o que pensar, ou melhor, soube, mas não soube o que falar.
De nada...?
— Eu estava explodindo. — soluço. — E ninguém notava. — outro soluço, pendendo a cabeça para o outro lado como um peso morto. — Eu queria que percebessem. — tossiu. — Muito. Eu precisava. — outra tosse. Ela engasgou com suas próprias lágrimas. — E não é para chamar atenção dos outros. Você a cima de tudo sabe. — voltou a olhar para a esquizofrênica. — É para chamar a própria atenção. — fungou. — É para saber que você está viva, quando todos acham que você está morta. — outro acesso de choro. — Quando até você mesma começa a achar isso.
Ela definiu Demetria naquele momento. E agora, ela soube colocar em palavras sua própria verdade.
Ela não devia explicações para a esquizofrênica. Ela sabia disso. Mas a explicação da ruiva não era para a esquizofrênica, era para si mesma. Ela se devia uma explicação. E agora, colocando isso em palavras, parecia ridículo.
— Isso parece ridículo. — soltou uma tosse risonha, tirando a mão ensanguentada de baixo da mão da morena, e limpando os olhos com o antebraço — Mas eu só precisava saber que eu estava viva.
A menina depositou a mão suja de sangue em cima da de Lovato que continuava em sua poça de sangue. Sorriu.
— Ontem, quando eu olhei para você, eu vi que as pessoas estão enganadas. — Oh! — Todos viam você como uma pessoa com a humanidade morta. Uma pessoa morta, mais do que todos por aqui. Um exemplo para não ser seguido, se não acabariam como você. — sorriu. — E por um momento, eu quis isso.
Demetria tossiu, tirando os cabelos pretos dos olhos com o antebraço, já que a mão estava suja de sangue.
— Não sou um bom exemplo a ser seguido. — riu.
— Quem é? — a ruiva continuou, rindo. — Mas você provou que todos estavam enganados, Demetria. — ela queria a convencer. — Você é melhor que isso tudo.
Lovato expirou profundamente.
— Vocês tem que parar de dizer isso.
— Vocês quem? — a ruiva perguntou, olhando para coxa e empurrando o excesso de sangue que lá estava descansando para a grama.
A esquizofrênica não respondeu.
Joseph.
— Ninguém. — tragou a saliva como sua dose de mentira.
— Essa é a sua verdade? — seus olhos eram uma metamorfose de cores.
— Não. — apoiou a mão suja de sangue nas gramas, e se levantou.
A menina a imitou, fazendo uma careta de dor ao apoiar a perna ferida no chão.
— Agora você se senti viva? — Lovato perguntou para a ruiva.
Por que ela queria ataca-la com essa pergunta?
— Não. —soprou a mexa vermelha de cabelo de seu rosto. — Agora eu sei que estou.
A ruiva não falou mais nada, seus olhos marejaram ao responder a pergunta da garota, e de lá ela rumou para a entrada do jardim.
Bem, ela tentou.
Demetria observou ela dar quatro passos mancando, e cair de joelhos no chão na tentativa do quinto.
Seus cabelos castanhos escuríssimos, praticamente pretos, beijaram o vento ao correr para ajudar a menina.
A ruiva tentou se esquivar, ela não queria ajuda. Mas ela precisava.
O corte foi fundo, e ela não conseguia apoiar o lado direito no chão; então Lovato a abraçou de lado e a segurou pelas costelas, forte, a levantando do chão e a puxando para si, ajudando-a a andar.
— E você? — depois de uns passos, a ruiva perguntou. — Você se senti viva? — observou o perfil da esquizofrênica enquanto a mesma a ajudava a andar.
— Não. Mas eu sei que estou. — ela não foi dura, não pareceu rígida e nem com raiva. Ela só respondeu, enquanto a puxava mais para si enquanto andava.
— E o que faz você se sentir viva? — tentou facilitar jogando a perna direita para frente enquanto pulava com a esquerda.
— Antes, me machucar. — puxou uma longa respiração. A caminhada não era longa, mas não era muito perto. — Agora, eu apenas sei. — passou o antebraço do braço livre pela coxa da menina que ainda jorrava sangue. — Os cortes pelo meu corpo já são suficientes para eu saber que se sentir viva dói; mas viver... Viver é outra coisa. — arfou. Depois de um tempo, a menina começou a pesar. — É o que eu estou fazendo agora.
Elas estavam chegando na porta de entrada, as pessoas começavam a olhar e fofocar, e por um instante a ruiva se sentiu como Demetria, e ela desejou sumir.
Até ajudar o outro é motivo de desgosto.
— Me ajudar lhe faz viver? — riu descrente.
Lovato parou de caminhar, e consequentemente a menina. Elas se encararam, então a esquizofrênica falou:
— Não. — continuou... — Fazer o que eu quero, e não o que os outros desejam, me faz viver. Saber o certo, enquanto os outros pensam o errado, me faz viver. Não perder meu tempo querendo viver, me faz viver. Por que desde quando eu sair do ventre da minha mãe eu estou vivendo, mas às vezes eu me esqueço disso, e outras vezes, as pessoas me fazem esquecer.
A ruiva tragou sua saliva a seco, e então gemeu em força, dando impulso para frente e se apoiando em Lovato.
Isso era tudo.

Demetria empurrou a porta com um braço, e com o outro puxou a garota para frente para que ela pudesse entrar no pátio.
Brutamontes vestidos de azul brotaram do chão e tiraram a esquizofrênica de perto da menina, dando suporte para a mesma; mas a ruiva firmou-se no canto e falou:
— Meu nome é Melissa, mas pode me chamar de Mel. — ela esperava uma resposta da esquizofrênica.
A mesma pensou se algum dia a chamaria de Mel...
Então ela apenas acenou afirmativamente com a cabeça, mas ambas souberam que aquilo não era uma apresentação ou uma introdução, mas sim uma despedida, uma conclusão.
Os paramédicos a levaram para longe, e uma sirene tocou. Uma onda de pessoas saíram do jardim e se espalharam pelo pátio.
Agora era a hora da esquizofrênica.
Continua...
     Sei, sou muito lesada! Era para eu ter postado segunda! Mas não deu certo por que eu estava tão, tão ocupada e preocupada! Que eu nem... Enfim! 
     No texto que eu postei antes desse post, é da minha autoria, lógico! Mas não foi um pedido, é para mim. Eu escrevi tentando... Sei lá, aliviar a tensão, expor meus problemas para eu mesma, e normalmente eu não posto os textos que eu faço para mim aqui. Mas esse eu postei, eu escrevi ontem, e eu achei que vocês deviam entender um pouco do que e por que eu estou tão avoada esse tempo. O nome do texto se chama ''Meu Balançador'' ;)
     Até sexta-feira! E, ah, eu tenho uns vídeos aqui que eu gravei do quanto eu posso ser idiota no meu dia a dia kkkkkkk Se quiserem que eu poste, eu posto ainda hoje, ou sai amanha de manha :) Ai eu posto aqui KKKKK Eu aviso lá na página do facebook ;) E no meu twitter também, que agora estou voltando a usar já que antes estava abandonado :) Então é isso.
Beijos gatas e gatos seduzentes ;*

7 comentários:

  1. Ola tudo bem?? mas estou adorar o capítulo, mas lembraste da minha historia, mas precisa de saber qual é a tua profissão da tua personagem.
    Posta logo
    beijokas

    PS: Não te esqueças de me dizer por favor...... OBRIGADA!!~

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  2. Estou com saudade do Joe, quando ele volta a aparecer, se é que ele existe?

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  3. Ótimo capítulo a propósito

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  4. Nossa esse foi perfeito adooooooreiiu

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  5. perfeito *-*
    to amando sua diva
    ebaa vídeos u.u
    posta logoo
    ansioosa aqui
    beijos

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  6. POSTA LOGO QUE EU TO GRITANDO AQUI, MEU DEUS SOCORRO DJDJDND
    Oia, to pelo cel e vc ja ta la em cima nos meua favoritos <3 e qdo ebtrar pelo pc eu te sigo
    Estou seeeeem palavras pra comntar sua fic, to chorando lagrimas lastimosas de sangue, to surtando com tanta perfeicao! Mnina, compartilha esse seu dom de escrever com azamiga bdnxndbfbd
    Olha, bjo e posta logo, pqfaz muuuuuito tempo que nao encontro fic boa (e quabdo acho eu ja li, afff), entao supra minha carencia u_u
    Ate maaaaaaaaais

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  7. WOWWW! palmas,palmas,palmas...!
    ficou perfeito!
    serio ,to surtando com tanta perfeição!
    os caps estão ficando cada vez mais perfeitos!
    desculpa não te comentado antes,eu to fazendo prova no colégio e ñ deu pra ver!
    beijos batman!

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