Realidade.
O relógio marcou sete horas da noite.
Julie já tinha ido embora, Monic e Fred me ajudaram a arrumar
as cadeiras antes de irem também. Desliguei a luz do salão principal e entrei
na cozinha que ainda guardava como uma garrafa termina um cheiro e temperatura
aconchegante.
Eu ia para o meu armário me trocar e ir embora, juro! Mas ao invés
disso eu me vi com o maçarico na mão e com aquela vontade imensa de fazer
aquilo que eu sabia fazer de melhor.
Olhei em volta com meu lábio inferior entre os dentes e com
minhas unhas se cravando na palma de minha mão. Oh sim!
Corri até o armário onde Monic guardava a farinha e coloquei
o saco do mesmo em cima da enorme mesa de mármore, alcancei o fermento e o sal
em uma gaveta junto com a manteiga e no lado da mesma estava o açúcar.
Estanquei.
Passei minutos olhando para o açúcar e ponderando pega-lo e
não correr o risco que eu estaria correndo; e podem me chamar de louca, mas
ali, naquele momento, olhando para o açúcar como se o mesmo fosse adoçar meu
dia, eu chorei. Não, eu não fiz aquele escândalo todo de um choro arrebatador,
eu apenas deixei as lágrimas rolarem em meu rosto, e timidamente eu alcancei
com a ponta de minha língua uma lágrima salgada. Oh!
Então com todo o risco de chorar em cima da massa e não
colocar açúcar na mesma, eu lavei minhas mãos e comecei a jogar xícaras de
farinha na mesma, abrindo um buraco no centro da mesma com a ponta de meus
dedos e colocando lá o leite, a manteiga, o fermento e o sal.
Por que colocar açúcar ali?
Aquele seria não um sonho, mas uma realidade, e bem... Não
tem nada de doce nessa receita.
Enquanto sovava a massa, eu ainda chorava pensando como eu
cheguei naquele ponto. Quer dizer, aquela menininha sonhava em ser veterinária!
Médica! Cantora! Aquela menininha pensava ser feliz em seus sonhos, até que
mãos adultas a puxaram para a realidade e ela descobriu que ate em seus sonhos
ela poderia ser triste.
As pontas de meus dedos capturaram mais uma pitada de sal e
foi salpicada contra a massa já feita.
Uma pitada de realidade.
Salgada.
Enquanto a massa repousava sobre a mesa, derramei leite
condensado e um pouco de leite em uma panela de cobre e raspei as cascas de
dois limões e reservei, enquanto o suco daquelas frutas era jogado na mistura e
levado ao fogo até a mesma reduzir e ficar bem densa.
Azedo.
Derramei a metade das raspas do limão na mistura, apaguei o
fogo e mexi. Com a borda de um copo redondo, pressionei o mesmo na massa que eu
fiz e consegui pedaços redondos; reservei. Com pedaços de massas a minha frente
descansando em uma superfície enfarinhada, apoiei as palmas de minhas mãos na
borda da mesa e finalmente relaxei minha cabeça, deixando-a pender entre meus
braços e issar para abaixo como uma ancora.
As memórias em minha mente estavam querendo cair no chão e se
espalhar no mesmo como a farinha na mesa.
Abri meus olhos que
até agora eu não havia percebido que estavam fechados e analisei meus
antebraços rígidos e enfarinhados de quem já sovou muita massa. Eu realmente já
sovei muito. A massa da realidade.
Funguei as lágrimas que eu ainda não havia derramado.
Tossi as palavras que eu ainda não havia falado.
Com meu antebraço limpei minha testa e alonguei minha coluna,
respirando fundo para que as memórias não transbordem de minha cabeça e
colocando todos os discos de massa que eu fiz em uma forma, só para tudo ficar
mais fácil.
Esquentei o óleo em uma panela grande e o esperei esquentar.
Um pouco. Coloquei calmamente os pedaços de massa no óleo quente, os virando
com o auxilio de uma esculmadeira até eles dourarem, e quando os faziam, eu os
colocava em outra forma. Ao todo, fiz uma fornada com 15, me perguntando se ao
menos 1 ficaria ‘’comível’’.
Vi-me sozinha na cozinha, mas só agora eu me senti só.
Soltei um meio sorriso para eu mesma e inclinei minha cabeça
para a direita soltando outro meio sorriso. Estava apenas eu e aquela fornada; e eu
ainda me perguntando o que diabos eu estava fazendo naquela cozinha, fazendo
algo que eu não devia fazer, no lugar onde eu não deveria estar. Aquele lugar
era intocável! Qual é?! Eu era nova ali, e aquele espaço não era para mim, isso
foi deixado bem claro. Eu só estava ali para ser garçonete, e só! Para
o inferno meu futuro diploma de gastronomia! Isso não me
fazia melhor do que ninguém, e sinceramente, eu não queria me meter a besta. Eu
estava ali para fazer o que era para ser feito: atender os clientes! Mas ali,
na cozinha, em qualquer cozinha não só nessa especificamente, eu estava ali
fazendo o que eu sabia fazer de melhor: cozinhar, inventar e recriar o já
criado, melhorar o já melhorado; apenas ser eu mesma, ali eu podia, eu sentia
que sim.
Alcancei a mistura de leite condensado e limão e cortei os
‘’bolinhos’’ ao meio, passando o recheio fartamente em todos os quinze, mas
ainda não me vendo satisfeita. Sabe aquela sensação de satisfação quando você
percebe que acabou a parte chata e agora você será recompensado? É como quando
você come pizza... Primeiro você come os cantinhos que é a parte mais chata, ou
menos gostosa comparado ao que vem a seguir: O meio! Você já esquematizou tudo
na sua mente, quase como um plano de futebol! Como você vai fazer para chegar
ao gol. É como comer aqueles chocolates em forma de bichinho. Deu para
entender, não deu?
Só que para mim, a melhor parte não seria comer, por que a
real satisfação, o real orgulho que você tem, não é o fim, é a trajetória que
você teve que fazer até chegar ali. O que faz você se satisfazer não é o
resultado, e sim como e o que você fez até atingir ele.
Eu penso assim: O gostoso não é comer o bichinho, é se
divertir comendo membro por membro dele.
Ok, ok... Sem canibalismo! Mas os verdadeiros entendedores
entenderão.
Se eu falar minha tese de que: ''O gostoso não é comer o bichinho, é se divertir comendo membro por membro dele.'', e alguém entender do que eu estou
falando, eu me caso com ele! Ou ela... Que seja!
Vocês me entenderam, não é?! Ok, quando será nosso casamento?
— Eu realmente fiz tudo isso para chegar essa hora. — com um
sorriso de orelha a orelha, eu peguei o maçarico e deixei ao meu lado.
Segurei uma peneira com uma mão e depois percebi que aquilo
não ia dar certo. Eu teria que usar açúcar cristal para dar certo! E na
peneira... Bem, seria inútil. E apenas jogar o açúcar não iria ‘’colar’’. Então
eu olhei para a manteiga, a manteiga olhou para mim, e ela foi derretida no fogo
da nossa paixão! E o fogo do fogão também ajudou... Pincelei todos as minhas ‘’Realidades’’ com manteiga e finalmente polvilhei o açúcar; com a mão mesmo! Capturei
o maçarico e respirei fundo. Eu convivo comigo tempo suficiente para saber que
quando eu estou animada é quase como se eu estivesse bêbada!
Oh!
Me concentrei no que devia fazer, não por nunca ter flambado
alguma coisa na minha vida, qual é?! Eu faço faculdade de gastronomia a 2 anos!
Não que isso me faça grande coisa, mas já é meio caminho, e isso me fez ter
experiências práticas e outras teóricas sobre isso. Mas o real problema é que
eu me perco muito rápido. Eu afundo muito rápido! Minha mente é como uma ancora que me
afunda em meu próprio mar de ideias e lembranças.
E hoje especificamente, esse mar está especialmente revolto,
agitado.
Escolho um ‘’bolinho’’ e o reservo para me concentrar apenas
nele.
Salpico açúcar em minha Realidade, e só essa frase me faz
pensar inúmeras coisas, me faz ter inúmeras ideias e monólogos onde minha
ausência seria minha única presença, por que nesse momento eu estou nem ai
para mim mesma ou para minha mente traidora.
É apenas eu e minha Realidade.
E esse é o único momento e situação onde eu e realidade podem se encaixar em uma mesma frase e fazer tão sentido quanto isso. Despertar-me
algo que já foi tirado por mim pela realidade e agora ela resolveu me
oferecer de volta.
Felicidade.
Liguei o maçarico e queimei todos os flocos de açúcar, com
uma atenção em especial a cada floco, o vendo queimar e borbulhar timidamente,
um se juntando ao outro, ao outro, ao outro, ao outro... Até formarem uma crosta
dura e deliciosa de se quebrar. Observando isso, pergunto-me se meu
coração é igual; uma crosta dura e deliciosa de se quebrar.
Quando finalmente dei a primeira mordida, percebi que eu
estava mais certa do que nunca. Aquele não seria um sonho, seria uma realidade!
As primeiras mordidas são como se você estivesse mordendo um vidro pelo
barulhinho da crosta fina se quebrando, misturando-se com o azedinho do recheio
e com o pouco sal que se sente pela massa fofinha e macia. Era como se depois
de todo aquele processo, no final tudo se formasse uma grande nuvem em sua
boca, e você teria o prazer de a tragar. Quem nunca quis comer uma nuvem? E eu
nunca imaginei que ela seria salgadinha e azedinha, e teria o nome de
‘’Realidade!’’.
Continua...
Wooooooooooooow! Vocês querem mais um capítulo hoje? Aposto que sim! Eu também quero postar para vocês lerem, estou animada! Então quando esse capítulo tiver ao menos 3 capítulos eu posto, ok? Minha mãe vai sair hoje, vou ficar sozinha e não vai ter ninguem para me atrapalhar e nem me ocupar com outra coisa! HAHAHA Aew! \õ/ Te amo, tá mãe? (para quem não sabe ela lê kkkkkk) Mas o que posso fazer? A senhora me atrapalha pra caralho! E eu lhe falo isso, mas eu te amo mesmo assim, por que eu também te atrapalho <3 HAHAHA vlw flw sua gostosa u.u
ENFIM! Vamos lá gatas e gatos seduzentes? Comentando pra fazer a mama seduzente aqui feliz e consequentemente vocês também ;) E ainda é de graça u.u kpkpsspksspk Tem coisa melhor?
Beijo gatas e gatos seduzentes ;* Até logo!
Continua...
Wooooooooooooow! Vocês querem mais um capítulo hoje? Aposto que sim! Eu também quero postar para vocês lerem, estou animada! Então quando esse capítulo tiver ao menos 3 capítulos eu posto, ok? Minha mãe vai sair hoje, vou ficar sozinha e não vai ter ninguem para me atrapalhar e nem me ocupar com outra coisa! HAHAHA Aew! \õ/ Te amo, tá mãe? (para quem não sabe ela lê kkkkkk) Mas o que posso fazer? A senhora me atrapalha pra caralho! E eu lhe falo isso, mas eu te amo mesmo assim, por que eu também te atrapalho <3 HAHAHA vlw flw sua gostosa u.u
ENFIM! Vamos lá gatas e gatos seduzentes? Comentando pra fazer a mama seduzente aqui feliz e consequentemente vocês também ;) E ainda é de graça u.u kpkpsspksspk Tem coisa melhor?
Beijo gatas e gatos seduzentes ;* Até logo!
Pode ser dia 20/08 nosso casamento kkkkkkkkkkkk Ok, parei.
ResponderExcluirPrecisa fazer essa perguntar de querer mais um cap.? AEEEEEEE Mais dedicação ainda *----*
Ah quem é essa garota que desenha bem? EIN? QUERO SABER, CACETE. Ok, tenho de ir tomar os comprimidos.
Beijos
Demi aprontando nq cozinha kkkk. Mas foi um cap perfeito com sempre
ResponderExcluirOk becca voce vai ter que casar com meio mundo de leitoras kkkk como.sempre amei o capitulo,todas as metaforas wue.invadem a alma e vc se pergunta,poxa porque raios nao pensei nisso!? Kkkkk beijos gata seduzente da mama
ResponderExcluirQue feio, Bê! Não pode xingar! Isso não és coisa de mocinha u.u Okkay, parei haha
ResponderExcluirSai daê! Rebecca, nada de se casar sem me apresentar a pessoa e eu aprova-la u.u Tipo... Capitulo hoje? Porque não 10 ao invés de 1? Hahahah
deu uma vontade de comer o que a demi fez kkkkkkk....
ResponderExcluirperfeito o capítulo
minha linda,posta logooo viu
beijos *-*
Aaaaaaah amor a gebte casa a agora se vc quiser hehehehhe, to amando essa fic, mas qual a novidade né? Hahaahha posta logo becca.. ag sim... em um dos capítulos vi que vc tava doente né? Espeto que esteja melhor amore, manda notícias ;)
ResponderExcluirBeiJEMI
Gente* ah** espero***
ExcluirHey amor, pode divulgar? http://umalovaticparasempre.blogspot.com.br/
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