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21 de jan. de 2014

Meu filme.


     Pensei em fazer um filme, escrever o roteiro e depois queima-lo, pois eu sei que um dia tudo vai acabar e cedo ou mais tarde eu irei me magoar. Os meus futuros telespectadores iriam ficar confusos ao assistir minha vidaem forma de filme. Tento me enganar que estou pensando neles ao desistir de fazer meu filme, mas só estou me magoando mais. Por que, por trás de toda minha farsa, eu só estou me protegendo.
    Talvez, quem fique mais magoado nessa história sejam os telespectadores, pois eu os estou afastando para me proteger, evitando novas chegadas para evitar partidas. Evitando para viver, ou apenas evitando, para sobreviver. Tampo seus olhos para evitar verem minhas feridas. Tampo seus olhos para evitar verem meu filme, minha vida, me ver caindo em um abismo tentando segurar duas coisas: meu filme e meu coração.
    Tampo meus próprios olhos para não ver meu coração se espatifando no chão, mas quando abro, posso ver que ele já estava em forma de pó pelas decepções que o pisaram. Segurei firme em meu filme que está em minhas mãos. Olho para o lado e vejo meus telespectadores me aplaudindo fervorosamente pela minha coragem. Então concluo que eu não posso viver sem eles, e que não vale a pena afastá-los para tentar me proteger, por que assim, eu só estarei me magoando mais.



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