Grito do fundo de meu âmago, mas ninguém está lá para me ouvir; eu os
afastei de mim. Olho ao redor paranoicamente, tentando avistar alguém para
desatar minhas ataduras e levar-me para casa longe desse hospício assombroso.
Para levar-me para mim novamente. Libertar-me dessa camisa de força que me
prende e me abraçar. Mas ninguém está ali; só eu e minhas ausências.
Tenho medo de dormir. Encolho-me no canto da sala em que estou e
continuo olhando para os lados, amedrontada. Fecho os olhos fortemente e abro
logo após em um solavanco. A porta está aberta, mas ninguém está entrando. O
lugar está vazio assim como meu corpo, mas o clima está pesado assim como meu
coração. Descanso minha cabeça na parede e admiro a porta aberta.
Finalmente adormeço e sonho com o que estaria por trás daquela porta.
Quando acordo, determinada, sigo em direção a mesma e olho desconfiada para o
vazio que atrás dela habita. Dou um passo para frente e sinto as mangas da
minha camisa de força afroixarem-se. Corro para ver se a camisa finalmente cai e
me liberta. Acabo caindo e uma mão estende-se para mim.
Eu não saiba o que havia atrás daquela porta, mas sabia o que eu queria
encontrar. Tinha medo de certificar e colocar em prova minhas dúvidas. Eu nunca
estive presa com uma camisa de forças, era meu coração. Eu nunca estive presa,
era meu coração. E eu não queria coloca-lo em prova e correr o risco de
machuca-lo novamente, e com isso, acabei machucando os que me esperavam no
final; me esperavam criar coragem e correr atrás.
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